quinta-feira, 19 de abril de 2007

Mudando de Ares

Hoje me contaram uma daquelas piadas sarcásticas de psicólogos. E pela primeira vez eu ri, gargalhei.
Aos poucos, aos pouquinhos, já estou conseguindo me desvincilhar dessa imagem, dessa categoria. Amo a Psicologia, mas ela é para outro tipo de gente, não pra mim. E eu me sinto tão bem!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

O massacre, o herói e a heroína

Após a refilmagem de "O Massacre da Serra Elétrica" de 2003 do diretor Marcus Nispel, chega às locadoras "O Massacre da Serra Elétrica, o início". Quem me conhece sabe que eu gosto desse tipo de filme. Gosto do terror e do que ele proporciona nas pessoas que assistem. Segundo Freud em seu artigo de 1942, "Personagens Psicopáticos no Palco", o fator primordial no drama é o desabafo dos afetos do espectador, e o gozo que disso resulta, de um lado, o alívio proporcionado por uma descarga ampla e de outro, a excitação sexual que aparece como subproduto todas as vezes que um afeto é despertado e que confere aos que assistem o tão desejado sentimento de uma tensão crescente que eleva seu nível psíquico.
O espectador vivencia muito pouco, sentindo-se um "pobre coitado" com quem não acontece nada, faz tempo que amorteceu seu orgulho que situava seu "eu" no centro do mundo e vê-se obrigado a deslocá-lo: anseia por sentir, agir e criar tudo a seu bel-prazer, em suma, por ser o herói. E o diretor/autor/ator lhe possibilita isso, permitindo-lhe a identificação com o herói da história. E quando nos posicionamos nesse lugar nos poupamos também, pois sabemos que nossa posição de heróis seria impossível sem dores, sofrimentos e graves tribulações que quase anulariam a excitação. Sabemos que temos apenas uma vida e que podemos perdê-la no primeiro combate com o "mal". Por consequência, nosso gozo têm por premissa a ilusão, ou seja, nosso sofrimento é mitigado pela certeza de que em primeiro lugar é um outro que está ali atuando e sofrendo na nossa televisão, e em segundo, trata-se apenas de um jogo teatral, que não ameaça nossa segurança pessoal com nenhum perigo. Podemos então desabafar em todos os sentidos em cada uma das cenas grandiosas, ou não, da vida representadas por outrem.
É interessante notar por exemplo que "O Massacre..." faz mais sucesso com as mulheres, já que temos uma heroína, no caso da refilmagem, Jessica Biel, assim como no filme de Quentin Tarantino: "Kill Bill", representado por Uma Thurman, ou a Lara Croft de Angelina Jolie...já os homens preferem os heróis de Bruce Willis em "Duro de Matar", ou Stallone em "Rocky".
Isso vale também para tudo que nos cerca de um certo medo. Por exemplo, já se perguntaram por que gostamos tanto de brinquedos "perigosos" nos parques de diversão?

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Travessuras da Menina Má

Terminei ontem, depois de ler por dois dias, o romance do peruano Mario Vargas Llosa. Travessuras da Menina Má é uma obra-prima, e como há muito tempo eu não lia algo que me arrebatasse por completo, este me arrastou para travar batalhas com o meu próprio eu, com as minhas próprias fraquezas, crenças, descrenças e travessuras.
Embora seja um livro fácil de ser devorado, eu não consegui ler compulsivamente sem deixá-lo afastado de mim por algumas horas, porque não é apenas uma narração sobre encontros e desencontros amorosos de um casal, mas sim, da eterna luta de nos tornarmos algo que um dia a gente sonhou ou imaginou que seríamos. E a verdade? A gente nunca se torna completamente o que havíamos sonhado. Com o tempo nos tornamos mais fracos, mais acomodados, mais distantes, menos gente. Parece que o tempo vai corroendo todas as nossas boas vontades, e me parece que conseguimos esquecer mais facilmente alguém que amamos.
Com o decorrer do livro fui tomando consciência de coisas que demoraria meses em análise, sim, o soco no estômago veio de uma só vez, e entre choros quietos e soluços abafados, triste e alegre, no final, eu era mais eu.
Certas obras nos fazem lembrar que sem elas estaríamos ainda mais sozinhos e acanhados. Menos sonhadores e mais egoístas. É pena que não nos lembremos disso todo o tempo, é pena que um livro desse não nos caia de bandeija em todos os momentos. É pena que nos esquecemos que somos ruins, mas podemos ser bons em determinados momentos e que maniqueísmo só existe em livro de banca de revista e nas novelas globais.
Nós somos tanta gente e que possamos nos reinventar ainda mais.
Salve, salve Llosa e obrigada.