quarta-feira, 29 de abril de 2009

Resposta ao Sr. Maratimba Atento

No dia 30 de Maio de 2008, postei no blog um texto sobre José Luiz Agdamus, e infelizmente alguns comentários sobre tal texto só li hoje.
Um cidadão anônimo que se refere como "Maratimba Atento" parece acompanhar o caso, mas não parece estar a par dos acontecimentos. O sr.(a) anônimo colou em meu blog partes de processos do qual até a família do Sr. Agdamus desconhece, e que não são verdadeiras, já que até nomes de advogados citados nunca foram contratados por parte do Sr. Agdamus ou dos seus. E pergunto ao tal anônimo - se ele continua a ler esse blog - mesmo que tais informações postadas por ele fossem verdadeiras, se ele acredita que a justiça brasileira é realmente boa em sua morosidade? Porque realmente, de minha parte, acho uma vergonha que um homem tenha que esperar 2 anos na cadeia pelo seu julgamento. E sim, uma das informações do Maratimba Atento é verdadeira: O Sr. José Luiz Agdamus foi condenado por nossa justiça "incrível" e pelo seu sistema elegantíssimo - vide, a demonstração de Gilmar Mendes na última semana.
Como psicóloga acredito não haver uma única verdade, e sim, pontos de vista, e essa que coloco agora é uma: A família da vítima mora na cidade de Marataízes há muito tempo, e os réus, Sr. José Luiz e Maria Silvia há 10 anos. E tivemos um júri popular, que acompanhei e porque não tenho outra palavra para descrever, foi um show grotesco, um show de horrores promovido pela promotoria. Até novela da rede Globo, o prezado promotor citou, comparando a vilã com a ré querendo com isso a simpatia dos jurados (menos esclarecidos, claro). E se o cidadão anônimo acompanhou o mesmo julgamento que eu, viu que fora os insultos, agressividade e falta de classe dos promotores, eles não tinham sequer uma prova contra os réus. Mas sabe como é, sr. Maratimba Atento, cidade pequena, mentalidade pequena, os jurados tinham que condenar alguém para confortar a família inconformada com a morte da vítima. E condenaram. Pois bem, o Sr José Luiz gostaria (já que estará em liberdade, essa semana) de saber quais são as histórias desabonadoras que o sr. mencionou, porque ele as desconhece e faz questão de conhecer.
José Luiz Agdamus e Maria Silvia Agdamus não esconderam seus nomes, seu endereço e estão prontos (em todos os momentos desse inferno) a responder e esclarecer os seus pontos de vista, diferente do senhor que se esconde atrás de pseudônimos.
Mostre a cara e jogue de igual pra igual.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

E mais nada

Linda música de José Messias na voz de Caetano Veloso:
"Madrugada chegou
O sereno caiu
Meu amor de cansaço
Caiu nos meus braços
Sorriu e dormiu
Eu só queria
Que não amanhecesse o dia
Que não chegasse a madrugada
Eu só queria amor
Amor e mais nada".

terça-feira, 21 de abril de 2009

Rituais

Quando a gente gosta, não tem jeito mesmo - tentamos lembrar de alguns episódios da vida passada e remontar no presente. Quando eu vou ao cinema e assisto algo bonito, eu falo sozinha: Fá, você iria gostar tanto desse filme, tenho certeza. Ou, Fabiana, essa música é a sua cara, se parece com aquela...que você tanto gostava.
Muitas vezes me vejo tomando café e pensando se meu pai gostaria de um copo, como ele sempre pedia. As vezes me sinto quase culpada por tomar e ele não. Em postos de gasolina de meio de estrada, esse pressentimento, sentimento ou sei lá qual o nome disso é sempre mais pulsante. Quando vou atender um paciente e não estou bem certa do procedimento ideal, eu peço à Heleninha que me guie, mesmo não acreditando que ela possa estar em algum lugar para me guiar.
E para os vivos eu faço o mesmo tipo de "oração", como se de alguma maneira enigmática eles pudessem me ouvir, mas eu sei que não ouvem, e são pedidos em vão de mim pra mim, de uma pessoa que desistiu de ficar na cama isolada dos outros por querer viver, e não sobreviver aos dias. Mas viver é tão difícil, sorrir muitas vezes é quase impossível, sonhar parece algumas vezes besteira, e eu ainda em trancos e barrancos não consegui entender como é que se vive, vou do céu metafórico ao inferno simbólico em menos de 5 minutos, e claro, recorro aos mortos para viver melhor com os vivos.
E não, não se aprende muita coisa com o tempo, aprende-se a realizar pequenos rituais para continuar, continuar, continuar...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um pedaço do Brasil


Em 1992 a Rede Globo colocava no ar a minisérie "Anos Rebeldes", sobre os anos da ditadura militar no Brasil. Um grande elenco para rememorar a estupidez cometida nos anos bárbaros.
Se hoje o Brasil não é lá grandes coisas e há gente que ainda não vê menor orgulho de chamar de pátria, recomendo comprar/alugar os Dvds lançados da série.

É bom lembrar que vivemos um reflexo de tudo que fomos, e que os tempos estão difíceis, mas que os tempos foram piores. Não me orgulho desse país, da corrupção estampada todos os dias nos jornais, na deselegância e incompetência de nossos governantes, do povo trabalhando duro e passando fome. Mas, se hoje podemos falar e escrever sobre qualquer coisa, se podemos dar nossa opinião contra ou a favor do governo, de incitar palestras, passeatas e escolher em quem votar foi por causa de pessoas incríveis que abdicaram de ganhos e vidas pessoais por uma causa. Essa causa não foi perdida e deve ser lembrada sempre, porque apesar de momentos horrorosos, houve também momentos de glória, de companheirismo, de solidariedade. Se uns viviam em total indiferença, outros davam suas vidas e morriam em nome dessa pátria. O Brasil não deve ser feito e lembrado apenas pelo seu futebol, pela mulata sambando no carnaval e pela cervejinha no bar. Por que não contar a história do Brasil a partir dessas pessoas extraordinárias?

Me recordo, no ano em que a série foi apresentada, no último capítulo, a repercussão causada pela morte de Heloísa (vivida pela fantástica Cláudia Abreu). As pessoas choravam e chamavam sua morte, de estúpida, sem associar que, muitos jovens, morreram exatamente daquela forma.
Não vou me prolongar falando de política, porque não é um assunto que eu domina e saiba dizer bem.

Anos Rebeldes foi um marco na televisão brasileira (nem só de porcaria vive a TV Globo), lembrar de algumas cenas antológicas, principalmente as contracenadas entre Cláudia e José Wilker, me fez muito bem. Torci de novo, chorei de novo, concordei e descordei de novo.
Assistir essa obra de Gilberto Braga pode (quem sabe?) incitar também às pessoas a pensarem diferente, agirem diferente, de uma forma menos apática, conformista e medíocre. Não é só sobre o nosso umbigo que o mundo gira.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O quereres

Ela demonstrou tanto prazer em estar em minha companhia
Que eu experimentei uma sensação que até então eu desconhecia
De se querer bem
De se querer quem se tem
E ela me faz tão bem
Que eu também quero fazer isto por ela.

domingo, 12 de abril de 2009

Os Estranhos


Não assisti "Os Estranhos" (The Strangers) quando passava nos cinemas porque achei que era filme de terror, e alguns desses, prefiro assistir em Dvd. Então aluguei o supostamente filme de terror norte-americano que tem no elenco a bonitona Liv Tyler.
Problema: Ele não se encaixa nos moldes 'filmes de horror', mas segundo pontos de vista - inclusive o meu - o drama pode ser tão poderoso que se torna 'horroroso'. Lembro de me sentir vulnerável após o filme, mexida, pensativa, enfim, - para combinar com o título - estranha. Não que haja qualquer coisa nova no filme do diretor Bryan Bertino, mas há uma coisa que não queremos nos deparar nunca e por isso, na maioria dos casos, evitamos esse tipo de filme. O mal estar é gigantesco assim como o nosso medo de encarar os fatos ou como já disse Nelson Rodrigues: A vida como ela é. Exatamente como ela é. E ela é quase sempre um show de horrores e sempre de muito mal gosto.

A sensação foi muito parecida quando assisti "Violência Gratuita" (Funny Games) - o original. Tal sensação pode ser explicada porque os dois filmes falam da mesma coisa e numa linguagem muito similar. Os diretores dos respectivos filmes não querem nos poupar de cenas fortes, de atos arbitrários, de falta de consciência, de psicoses gravíssimas. Eles querem nos revelar. (Nos revelando também a respeito de nossos maiores medos).

Sinopse de "Os Estranhos": Kristen McKay (Liv Tyler) e James Hoyt (Scott Speedman) estão em plena viagem, rumo à remota casa de veraneio dos pais dele. Ao chegar depois de uma noite difícil, eles apenas querem descansar um pouco, mas o descanso é interrompido quando três estranhos mascarados invadem o local.
Quantas vezes nos deparamos com sinopses e histórias bem parecidas em outros títulos? Porque até para escrever a sinopse precisa-se ser ponderado, e não há como falar ponderadamente sobre invasão de domicílio, tortura, jogos psicológicos aterrorizantes e no final, morte estúpida. Logo, simplifica-se o processo.

Assisti "Os Estranhos" a noite, acompanhada e rememoro agora o que ela me disse (e nem estava na metade do filme), "não vou assistir mais, meu coração está doendo". O meu também doeu.
O filme é silencioso, quase todo o tempo - é como se assim pudessemos escutar os pensamentos de medo dos personagens que poderiam ser qualquer um, inclusive eu ou você que está lendo - e ele vai se arrastando e torturando cada um que assiste.
Três estranhos querem 'brincar' com o casal e eles quase não aparecem durante o filme, apenas são marcantes seus jogos de tortura, suas formas de impor suas presenças importunas e apavorantes e deles só se ouve uma frase durante todo o filme. A mocinha pergunta à eles o porquê daquilo tudo, e um deles responde: "Porque vocês estavam em casa". Simples assim, como em qualquer brincadeira. Os estranhos podem ser nossos vizinhos.

Esse feriado eu passei em uma chácara afastada de tudo e de todos e em determinado momento algo dessa natureza passou pela minha cabeça: e se alguém ou alguns quisessem ter comigo e minha acompanhante "funny games"? O que de fato, poderíamos fazer? Nada.
Esse é o nosso maior medo: a impotência de fazer qualquer coisa pela nossa sobrevivência.

Terror, suspense, drama? Eu acho "A Hora do Pesadelo" muito mais leve, já que nesse, os personagens para fugirem da morte, ainda podem acordar.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Há de se tentar entender também os filhos


No meio do mês de março eu comprei e li o novo livro da autora Alice Sebold, que ficou conhecida pelo vendidíssimo "Uma Vida Interrompida" (que li também e já esqueci o enredo), mas comprei esse exatamente pelo novo enredo escrito por ela. O livro é "Quase Noite" e trata de uma filha que mata a mãe senil. Associei rapidamente ao "Tudo que você não Soube", último livro de Fernanda Young. Esse pra quem não sabe, fala quase do mesmo assunto, a filha pega um martelo e acerta a cabeça da mãe e escreve para o pai os motivos do seu ato muitos anos depois.

Enredos freudianos, histórias cotidianas, histórias que passam pela cabeça de muitos filhos, diariamente diga-se de passagem.
Quando Freud descreve sua teoria do complexo de Édipo, ele diz que INCONSCIENTEMENTE as crianças do sexo feminino querem eliminar as mães para poderem ficar com os pais só pra elas. Essa teoria chocou o século XIX, e colocada dessa maneira superficial ainda choca pessoas relativamente inteligentes do nosso século. Só que o velhinho com o famoso charuto acertou (ele era um gênio, e não um engodo, disso hoje tenho plena consciência).

Não realizei nenhuma pesquisa literária para catalogar quantos personagens matam seus pais, mas acredito serem muitos porque literatura é sonho e sonho não é mais que o desejo daquilo que apenas é pensado se tornar concreto.
A diferença é: Por que alguns apenas pensam ou sonham com isso e por que alguns conseguem concretizar o ato de matar algum dos pais? Ou os dois (vide o caso famoso de Susanne).
Defendo os dois livros, no caso em nenhum deles "as assassinas" eram pessoas ruins, maldosas, sociopatas, elas apenas cometeram o ato extremo de colocar em prática o que muitos não o fazem pelas regras sociais. (E aqui destaco, que bom que existem regras sociais).

Todos os seres humanos são capazes de matar, e quem disse isso não foi apenas Freud, Darwin foi também bem explícito. (Agora são 2 gênios para corroborar). E somos capazes de matar porque primeiramente somos animais e queremos sobreviver na selva. E apesar das regrinhas sociais isso é sim uma selva, basta abrir os jornais ou assistir os telejornais. E muitas vezes quem deveria nos dar carinho, amor e suprir nossas necessidades, não o fazem e pior, fazem o contrário, nos limitam, nos quebram as pernas. Há aí o desespero de não ter o que se precisa e o desespero de ter o que não se quer. E aqui fica ainda mais complicado quando a sociedade, a igreja e todos os outros órgãos importantes dizem que é PRECISO, necessário que se ame e se respeite pai e mãe. Mas e quando pai e mãe não respeita filho?
Todos os dias filhos travam lutas pessoais de amor e ódio, de passado, presente e um futuro ambíguo, de um carinho na memória e de trezentas surras marcadas no corpo, de abusos psicológicos e físicos. Lutas absurdas não de vida, mas de sobrevida, de sobrevivência nas casas que frequentam dia e noite.

Os assassinos (sejam eles sociopatas ou não) são criados pelos pais, e são esses mesmos pais que os transformam em seres sociais, educados, seguidores das condutas sociais, ou, monstros. E não defendo o ato de matar mãe e pai obviamente, mas defendo o ato de se julgar mãe e pai junto com o filho, mesmo que um deles ou ambos estejam mortos. (Julgar licitamente, pelas leis do Direito, pelas leis da igualdade proposta pela justiça e pêlos direitos humanos).
Defendo também o direito de se discutir tal assunto, e não fazer dele um tabu, ou algo abominável que não se deve falar. (Deve-se falar sobre quase tudo).

"Quase Noite" é um livro parado, sem muitas emoções, assim como a vida da filha que comete o ato insano de matar a mãe, "Tudo que você não soube" é um livro ágil, provocativo, que reflete a pessoa que escreve. Assim como cada ato "inapropriado" que seja humano, depende de cada um.
Não vamos colocar tudo no mesmo pacote...