quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O Peso de 21 gramas

O filme de Alejandro González Iñárritu, lançado em 2004 foi revisitado por mim inúmeras vezes, sempre com dor.
Uma amiga certa vez declarou que filme triste não é bonito, é apenas triste.
Depende do filme.
Uma escola da Psicologia defende que a nossa casa concreta é um espelho da interna, da nossa morada subjetiva, se nossa cabeça se transforma ou é transformada num inferno, diretamente reflete-se onde nos abrigamos. Percebe-se claramente tal movimento com o passar das cenas e percebe-se a rapidez com que isso acontece, acompanhando a rapidez dos acontecimentos trágicos na vida de três pessoas. Todas as três, metidos num emaranhado de culpa procuram refúgio ou na religião, na bebida e drogas ou no fato de ter sido salvo por um transplante de coração. Sabido que a culpa é um dos piores sentimentos que podemos sentir, até porque, sentido, precisamos por momentos transformar a culpa em responsabilidade, essa última transferida para qualquer um que não seja nós próprios.
Em uma das cenas, o personagem que se converte num fanático religioso repete o que lhe é ensinado: "Jesus é a nossa luz, Jesus é a nossa esperança, Jesus é a nossa absolvição". Buscando assim a sua salvação no outro - assim como a responsabilidade dos atos cometidos - mas o outro, seja jesus ou seja outra pessoa que escolhemos proximidade também está perdido e não pode ajudar. Pode ser que sejamos "salvos" com a consciência de que não há salvação propriamente dita.
Há outros elementos: A da verdade que fingimos não acreditar. Numa das cenas, a mulher que perde o marido e as duas filhas num acidente subverte e diz o que a maioria não se atreveria quando consolada por seu pai que lhe fala que a vida continuará: " Não, é mentira, a vida não continua simplesmente". Ponto pra ela.
Não, a vida não continua e como diz a música: "amputado do membro que já perdi".
E o que falar sobre o amor substituto? Aquele que os personagens buscam para amenizar a amputação? Talvez não seja amor enfim. Ele se confunde, se atrapalha, se transforma em dó, pena. É como diz outra música: "Não venha com piedade porque piedade não é amor".
'A dor e a delícia de ser o que é' é a conscientização de que podemos pesar meramente 21 gramas e não saber exatamente o quanto de dor e de delícia cabem num peso de um beija-flor.
De bonito? Só a calcinha vermelha da Naomi Watts.
Tristíssimo. Real. Comovente. Indispensável.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

E, e, e...

- ... o que eu quero dizer e o que eu acho que você não está entendendo é que ontem eu sonhei um sonho tão real, tão real e quando acordei, pensei que o sonho era o que eu vivia e eu acordei e despertei e olhei para o meu quarto escuro e era tudo mais bonito e colorido e cheirava a flores e eu não tinha mais alergia de flores e eu não sabia se eu sorria ou se eu chorava, chorava de alegria, e eu queria correr por aí, correr mesmo para contar e dividir e compartilhar e chorar junto tudo isso e me convencer que o sonho era mesmo tão concreto que dava para tocar e passar o dia suspirando e levitando e criando esperanças sem desconfiança e, e, e, acreditando, sabe?
- Não.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

No Title

Um calor colossal.
E um frio absurdo dentro de mim.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Can´t Stop Now...

Eu faço as coisas sem sentido, e de todos os sentidos que possuo não há fato que se sustente, nem pernas, nem braços, nem mãos ou lábios. As tatuagens são necessárias quando não se tem a memória de nada do que se passou, só uma vaga lembrança de que algo passou, e passou tudo tão rápido.