domingo, 28 de junho de 2009

Agora, conceito bem formado


Ontem me livrando do pré-conceito que eu havia formado sem conhecimento, fui assistir à um show da cantora Vanessa da Mata. Semana passada não sabia exatamente o que ela cantava, com excessão daquelas canções que tocam na rádio exaustivamente. Em uma semana baixei as músicas de seus três cds e comprei o seu primeiro e último dvd, "multishow ao vivo" para poder acompanhar sem cara de paisagem à apresentação ao vivo.

O show não foi espetacular e nem inesquecível, a acústica era ruim e o lugar inapropriado, mas mesmo assim, descobri que ela é boa e que não se resume à algumas músicas isoladas. Sua banda, no dvd, tinha músicos do porte de Davi Moraes, Cezinha e Marco Lobo (todos eles já integraram a banda de Marisa Monte, na turnê "Cor de rosa e carvão") - Aqui, deles todos, só Davi se apresentou.
Regravações de "Eu sou Neguinha" de Caetano Veloso e "História de uma Gata" de Chico Buarque para "Os Saltimbancos" são criativas e bem diferentes das originais.
E Vanessa é uma excelente compositora, seu melhor disco, o primeiro, tem pérolas como: "A força que nunca cessa", que foi gravada algum tempo atrás por Maria Bethânia, "Viagem", Case-se Comigo" e "Onde ir", além da reeleitura de "Alegria" de Assis Valente. Começou como cantora para poucos, cantando a vida miserável no Brasil, intimista.
Seus outros álbuns (em minha opinião, inferiores) também com canções belíssimas: "Minha herança: uma flor", "Ainda bem", "Música", "Joãozinho" e "Zé", entre outras.
Suz voz, aguda, lembra àquela de Gal Costa, nos bons tempos, e as notas desafinadas num certo tipo de contexto nem se nota (ou se nota mas não liga-se).

Só faço um pedido à cantora: Não queira ser tão dançante, nem tão popular que possa desviar nosso interesse de seu trabalho bom, para focarmos em coisas irrelevantes como "Ai, ai, ai" e criarmos pré-conceitos não tão bem fundamentados.

terça-feira, 23 de junho de 2009

A Besta II

Alguém chamado Sérgio deixou um comentário no post que escrevi sobre o livro de Roslund e Hellstrom, e Lara também pediu que eu me explicasse e Nina acho que me entendeu.
Obviamente que uma criança estuprada e morta me choca, assim como outros tipos de leviandade contra a vida humana. Mas estava escrevendo acerca de um livro específico que tem como seu principal mote, chocar.
Realmente não me assusto facilmente, e sei dos horrores que o ser humano é capaz de realizar. Já me deparei e tive que encarar coisas muito tristes e parecidas. (Resumindo, já passei por esse "choque")
O fato é que ao nos depararmos cotidianamente com esse tipo de assunto, principalmente porque a mídia adora explorar as tragédias humanas, ficamos com o tempo, mais alheios e menos esbaforidos com tais situações. E "A Besta" é só mais um meio de tornar algo extremamente perturbador em clichê, em um ato casual.
Não é um alerta, não é um convite à pensar, não é inovador. É nada. É escrito desleixadamente, uma escrita quase infantil, que no fim, nos dá a impressão de que o livro chega a ser banal.
E é disso que escrevi primeiramente: da banalidade da escrita, da falta de classe e de talento. Da falta de idéias inovadoras, da falta de questionamento.
Há faltas e nenhuma sobra.
Sem mais.

Um momento de ternura

Às vezes as pessoas são bonitas.
Não pela aparência física.
Nem pelo que dizem.
Só pelo que são.
E eu amo o que você é.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A Besta



Nunca tinha ouvido falar nos autores Roslund e Hellstrom, e me deparei com uma crítica pequena sobre o livro deles, "A Besta" numa dessas andanças pela internet. Fui até a livraria e comprei empolgada. Pela sinopse me parecia uma história perturbadora e chocante, algo que me lembraria o realmente perturbador e chocante "Precisamos falar sobre o Kevin", da escritora Leonel Shriver. Não sei se porque criei uma expectativa grande ou se porque o tema do livro me desperta atenção, me decepcionei com a dupla sueca.

Sinopse: Duas crianças são encontradas mortas dentro de um porão, e quatro meses depois de ser preso, o assassino escapa da prisão. A polícia sabe que se eles não o encontrarem rapidamente, ele matará de novo. Até que chega o dia que ocorre o que eles mais temiam, uma outra criança é assassinada em uma cidade vizinha a Strengnas e a situção sai do controle. Em um clima de histeria, criado pelos meios de comunicação, o pai da criança assassinada, Fredrik Steffansson, decide fazer vingança com as próprias mãos, e suas ações podem ter consequências devastadoras.

O livro foi elogiado pelo The Observer, que escreveu que "A Besta" é uma leitura obrigatória e pelo The Guardian que o achou assustador. Não acho nem uma coisa nem outra.
Sobre necessidade de justiça, vítimas, heróis e cúmplices, outros falaram mais e melhor.

A Justiça é morosa, muitas vezes incapaz e limitada. Mas não é por isso que temos que mostrar que somos nós os super heróis que podemos salvar toda uma sociedade com todos os seus problemas, horror e deficiência. Somos nós os que podem sentar, estudar, ler, debater sobre o assunto para, quem sabe, melhorar essas faltas que tantas vezes nos quebram as pernas e nos mutilam pêla falta de alguém que nos é retirado de maneira vulgar, pretensiosa, violenta e conturbada.
"A Besta" é um livro que entretém, que informa, que prende, mas que não dá nenhuma resposta ou nenhuma pergunta para se refletir a mudança (se é que existe essa pergunta ou uma mudança).

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Quase desespero

Cigarro com café e para ajudar acordar, cigarro lendo o jornal, cigarro enquanto espera a net abrir, mais cigarro com mais café, cigarro pra dar motivação, frio da porra. Cigarro depois do almoço e para acompanhar o café depois do almoço, com a cerveja ou com o vinho nesse frio da porra. Cigarro pra ajudar a pensar, para ajudar a andar, cigarro para colocar entre as mãos. Fumaça deliciosa. Cigarro em casa, cigarro em bar, na casa de amigos, em festa, na cama, na janela. Aquele último depois do banho, pra dormir melhor. Saudade de você.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dia dos Namorados

Muita gente fala mal dos dias comemorativos: dia dos namorados, das mães, pais, natal e etc. O melhor argumento é que tais datas são apenas para o comércio elevar seus lucros. Argumento irrefutável, claro.

Mas eu penso de uma outra maneira; acredito que esses dias nos ajudam a relembrar (e demonstrar) os sentimentos em relação aos próximos que amamos. Não é necessário correr para as lojas e gastar o dinheiro que a maioria não têm. Não é necessário grandes atos demonstrativos. Não é necessário muita coisa.

Um cartão, um "eu te amo", um almoço, um jantar, um filminho juntos, uma conversa mais prolongada, um toque.

Corremos tanto nos dias atuais e ficamos tão cansados com essa vida que nos desgasta que apenas eventualmente somos fiéis ao que sentimos. Só passei um dia dos pais sem o meu e tentei me lembrar dos anteriores, e vejo que fui fiel ao meu amor, mas fiquei ainda mais feliz quando percebi que a minha demonstração era diária, a minha atenção era todos os dias, o meu afeto era real e concreto, e no fundo, queria passar ainda muitos dias dos pais com um pai do meu lado para continuar, continuar...

Se você que me lê tem um namorado/a, marido/mulher e esse relacionamento faz bem, te traz paz, comemore, abra uma garrafa de champagne (brindar com água também serve), deixe as chatices do cotidiano de lado e diga e faça com que o outro saiba e sinta o amor. Mas tente fazer isso todos os dias, renovar os votos de parceria nos outros 364 dias do ano.

Porque amar não é caretice e não está fora de moda. Já disse um poeta: amar é chique.

sábado, 6 de junho de 2009

Suicídio


O corpo do ator David Carradine foi achado nesta quinta-feira num quarto de hotel. Pelo que tudo indica, o ator se enforcou. Uma pena, já que com a ajuda de Quentin Tarantino, ele havia sido re-descoberto e feito um lindíssimo e empolgante papel em "Kill Bill".
O filho da poeta Sylvia Plath (que também se suicidou), biólogo bem sucedido, de 47 anos parece ter "herdado" da mãe a vontade de se matar e o fez - assim como a amante do marido de Sylvia na época.

O suicídio é algo difícil de se entender, como psicóloga, a causa mais provável é a de agressividade que o indivíduo não consegue submeter ao outro que ele gostaria de machucar, por consequência, se transforma em auto-agressão. Mas nesse caso é apenas uma teoria para consultório.

Na literatura - em épocas muito diferentes, encontram-se diversos casos de suicídio, como em Dante na Idade Média, John Donne na Renascença, William Cowper e Thomas Chatternon na Idade da Razão, na agonia romântica e assim por diante.
Como algo que nos assusta e por isso, nos interessa, indico o maravilhoso livro do historiador, A. Alvarez: "O Deus Selvagem". Vale a pena pela literatura e pelas teorias fantásticas de quem estudou e pesquisou bem o assunto, além dos relatos de seu convívio com a brilhante Sylvia um pouco antes dela morrer.
Esclarece? Não. Mas já é um começo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

This is the Last Time

Penso de maneira geral o acidente do Air France, mas a minha maior piedade vai para aqueles que nunca visitaram a França, àqueles que não iam a negócios, os que não realizariam nenhuma transação, mas àqueles que sonharam e planejaram por algum tempo uma viagem (provavelmente a dos sonhos) que jamais acontecerá.