Em 1992 a Rede Globo colocava no ar a minisérie "Anos Rebeldes", sobre os anos da ditadura militar no Brasil. Um grande elenco para rememorar a estupidez cometida nos anos bárbaros.
Se hoje o Brasil não é lá grandes coisas e há gente que ainda não vê menor orgulho de chamar de pátria, recomendo comprar/alugar os Dvds lançados da série.
É bom lembrar que vivemos um reflexo de tudo que fomos, e que os tempos estão difíceis, mas que os tempos foram piores. Não me orgulho desse país, da corrupção estampada todos os dias nos jornais, na deselegância e incompetência de nossos governantes, do povo trabalhando duro e passando fome. Mas, se hoje podemos falar e escrever sobre qualquer coisa, se podemos dar nossa opinião contra ou a favor do governo, de incitar palestras, passeatas e escolher em quem votar foi por causa de pessoas incríveis que abdicaram de ganhos e vidas pessoais por uma causa. Essa causa não foi perdida e deve ser lembrada sempre, porque apesar de momentos horrorosos, houve também momentos de glória, de companheirismo, de solidariedade. Se uns viviam em total indiferença, outros davam suas vidas e morriam em nome dessa pátria. O Brasil não deve ser feito e lembrado apenas pelo seu futebol, pela mulata sambando no carnaval e pela cervejinha no bar. Por que não contar a história do Brasil a partir dessas pessoas extraordinárias?
Me recordo, no ano em que a série foi apresentada, no último capítulo, a repercussão causada pela morte de Heloísa (vivida pela fantástica Cláudia Abreu). As pessoas choravam e chamavam sua morte, de estúpida, sem associar que, muitos jovens, morreram exatamente daquela forma.
Não vou me prolongar falando de política, porque não é um assunto que eu domina e saiba dizer bem.
Anos Rebeldes foi um marco na televisão brasileira (nem só de porcaria vive a TV Globo), lembrar de algumas cenas antológicas, principalmente as contracenadas entre Cláudia e José Wilker, me fez muito bem. Torci de novo, chorei de novo, concordei e descordei de novo.
Assistir essa obra de Gilberto Braga pode (quem sabe?) incitar também às pessoas a pensarem diferente, agirem diferente, de uma forma menos apática, conformista e medíocre. Não é só sobre o nosso umbigo que o mundo gira.
4 comentários:
Li no blog de Saramago,que os guerrilheiros da Asfarc que sequestraram
e mantêm os presos políticos, andam mantando com serra elétrica e jogando futebol com a cabeça.Não é nome de mais um filme, é aqui do lado na mata.
Mas ela não tá falando de "mais um filme"...
Ela tá falando de uma época política do Brasil, e não foi aqui do lado, foi onde nós pisamos mesmo.
Marinha, apesar de alguns arranjos da tv globo para não mostrar o que não interessava pra ela, a série é belíssima e comovente. Sem dúvida o maior nome dessa série chama-se Cláudia Abreu.
Estou só informando e há filmes outros no blogs,além da mini-série.
"alegria,alegria"
Ditaduras,guerras,presos políticos existem e existirão sempre mas acho que o mais importante é como as pessoas se posicionam diante disso, não que possamos fazer alguma coisa de útil sobre os guerrilheiros da Asfarc mas a indiferença sobre o que aconteceu e sobre o que acontece é a maior doença de todas (agora lembrei do poema do Gramsci). Podemos olhar para os necessitados a nossa volta? Será uma saída? Ou somos muito covardes para sermos comparados aos jovens que lutaram contra a ditadura brasileira?
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