Fui assistir "À Deriva", não pelo trabalho anterior do diretor, Heitor Dhalia - O Cheiro do Ralo - porque achei uma grande porcaria, mas pelo apreço que tenho em relação ao ator francês Vicent Cassell que topou a jornada de fazer esse filme brasileiro falando português.
O filme é simples e foca como assunto principal o tema universal que é a família. A locação praiaana (em Búzios, descobri depois), a direção de arte e as interpretações de Cassell, da atriz brasileira (sempre boa), Deborah Bloch e da pequena Camilla Belle são o grande trunfo de uma história que não chega a emocionar, mas que é consistente com tudo o que a gente observa nas nossas famílias: O término do amor entre casais, as traições, as dúvidas adolescentes, os afetos relacionados e o eterno recomeçar depois das quebras de um cotidiano que nos acostumamos e não sabemos dizer bem se é bom ou ruim, se é amor ou comodidade, se é carinho ou é paixão.
A questão a se pensar é sempre aquela de abrir mão de algo para se ganhar outro algo, que só mais tarde saberemos se será melhor ou pior, a prioridade que se têm e se sente, àquela que pode ser mais forte que qualquer papel social que se exerça, a de mãe, a de mulher, a de filha. Mais do que isso, é não se contentar em ter apenas um papel social, mas poder ser tudo aquilo que a gente sonhou um dia e que em algum momento da vida nos pareceu bobagem e fomos abrindo mão, obrigados pelo rumo tomado anteriormente ou por cansaço.
A vida é múltipla assim como nós. Não precisamos ser sempre a mesma pessoa e ter os mesmos gostos todos os dias.
Nos arrisquemos, todos...