Eu não ia escrever sobre o BBB porque acho que tanta gente escreveu sobre o programa nestes anos todos em que a Globo coloca esse povo no ar que o assunto é batido, mas eu li o blog "Fundo de Gaveta", do Leandro e não concordei com o texto dele. Deixei meu comentário lá e a aqui escrevo um pouco sobre tal entretenimento.
Como eu defini: entretenimento, no dicionário assim consta: 1 - ato de entreter; 2 - distração, passatempo, divertimento.
Não sou contra entretenimentos, aliás, sou super a favor do que nos faça bem, do que nos distraia e nos divirta. A minha tristeza é a de que o povo brasileiro se divirta e leve tão a sério tão pouco. E o público desse programa não é só aqules que, infelizmente não tiveram condições financeiras e culturais para se divertir com outras coisas, o público do Big Brother Brasil é também o dos alfabetizados, graduados, pós-graduados e etc.
Ocorre o que na Psicologia chama-se de identificação: o público assiste determinadas pessoas e com elas se "identifica", a ponto de acompanhar qual vai ser o destino daquele que ganhou sua simpatia. Outro fenômeno explicado pela Psicologia é a do voyerismo: a atração que temos em acompanhar de perto a vida dos outros sem que os outros saibam quem somos nós. Até aí, nada contra, mas o grande problema é que essa vida dos outros mostrada pela Rede Globo, primeiro, é mascarada, não é real como muitos pensam, as imagens são manipuladas, as falas entrecortadas e a partir disso você vê o que a Globo quer que você veja, você se identifica com quem ela quer que você se identifique. Então, a minha primeira crítica em relação ao programa é a manipulação da realidade e a falta de julgamento próprio de quem assiste, já que em sua maioria o público não sabe que está sendo manipulado. A segunda crítica é que um certo gosto pelo voyerismo faz bem, faz você ver no outro, algo que você possa mudar e melhorar em você, mas com o Big Brother não se aprende nada, ninguém fala nada de útil, raramente se assiste algo que possa te acrescentar qualquer coisa, aliás, acrescentam valores que são realmente indignos, como exemplo, as provas que os concorrentes têm que passar para conseguir alcançar uma imunidade ou sei lá o quê, a maioria são de força e resistência, engaiolam os participantes e apostam quem vai ser o participante que aguenta mais (muitas dessas provas chegam a ser humilhantes), em compensação, nunca vi uma prova do programa que exigisse inteligência e cultura. O que isso passa para os telespectadores? Que não precisamos de inteligência e cultura para ganharmos a vida, para nos darmos bem, precisamos ser sarados, bonitos e resistentes na lei da selva.
Eu não vou ser demagoga em dizer para as pessoas desligarem a tv e irem ler um livro, porque a nação brasileira não lê e se lê, são livros de qualidade pavorosas. Mas vou dizer daqueles que reclamam de quem reclama do Big Brother e de toda a tv aberta: essas pessoas são demagogas, falta inteligência e um certo tipo de questionamento sobre toda a programação que nos é empurrada todos os dias, de uma qualidade inquestionalmente ruim.
Mas é isso, as pessoas se acostumaram com o ruim, e a maioria nem se questiona o porquê. (Elas sabem questionar?)