Engana-se trouxa

Ouvi a notícia primeiramente no "Jornal Nacional" e agora li na "Folha.com". Fiquei estarrecida com o cinismo e a cara-de-pau da candidata à presidência, Dilma Rousseff.

Antes neste blog, disse que votaria nela pois a candidata respondeu algumas perguntas que eram do meu interesse de forma interessante, e um desses assuntos era sobre a questão do aborto. Na Rede Cultura, ela se disse favorável a um plebscito sobre o assunto, hoje se reunindo com a cambada da igreja católica e os pastores das igrejas universais da vida, afirmou que é contra não somente ao aborto (eu também sou, mas sou a favor da escolha), mas também ao plebscito.

Na "Folha. com", Marina Silva acusou a candidata do PT de mudar o discurso sobre o aborto para ganhar votos. Concordo. E por isso mesmo, hoje, Dilma dete ter ganho milhões de votos dos fiéis, mas perdeu o meu. Voto na Marina, que apesar de ser crente e se diz pessoalmente contrária ao aborto, é a favor do plebscito sobre o assunto. Está sendo coerente e com o mesmo discurso desde o começo da campanha eleitoral.

Antes ser enganada por um tempo do que todo o tempo.

Algumas fotos, poucas palavras

O fotógrafo espanhol Oscar Ciutat resolveu há dois anos atrás fotografar o olhar dos animais em cativeiro na cidade de Barcelona, o resultado pode ser encontrado em "Caged". Fenomenal. Dispensa palavras.

A passagem do tempo para Stephen King

Stephen King é um dos autores mais famosos mundialmente. Conhecido por escrever obras de suspense e terror, ele se tornou um mestre e é reverenciado por muitos. Muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema com grande êxito, e alguns, são realmente muito bons, como: "Conta Comigo", "O Iluminado", "Carrie, a estranha" e "Louca Obsessão". Mas seus livros não são lineares. Alguns li com grande entusiasmo, outros, demorei uma eternidade, por achar incrivelmente chatos. O que me parece é que King, com o passar do tempo, perdeu um pouco de sua mágica e atualmente escreve sem grande dedicação e sem muita inspiração. Os mais recentes livros dele que li foram decepcionantes, tais como: "O Apanhador de Sonhos", "O Talismã", "A Casa Negra" e "Insônia". Em contrapartida, lendo agora, seu segundo livro, publicado em 1975, "A Hora do Vampiro", percebo que é um suspense que prende atenção da primeira à última página, assim como, "Carrie", de 1974, e "O Iluminado", de 1977. Seus primeiros romances.

"Angústia", de 1987, é excelente e muito parecido com "Jogo Perigoso", de 1992. Ambos partem do medo psicológico e não falam do que ele mais gosta: do sobrenatural. Ponto pra ele, já que tanto em literatura quanto em cinema, nos apavoramos muito mais com a possibilidade do acontecimento do que com o fato consumado.

Com a decepção adquirida por seus últimos livros, é difícil me imaginar lendo sua saga de sete volumes, chamada, "A Torre Negra". Foi também bastante decepcionante a vendagem desses livros comparados aos seus clássicos, com milhões de livros vendidos. Acho que não sou só eu que acha que Stephen King deve dar uma parada em sua carreira para repensar sobre o quê escrever, já que o autor é um dos que mais compulsivamente escreve no mundo literário. Pode ser também uma das causas da falta de originalidade das suas últimas ficções.

Eu gostaria que ele desse um tempo, uma pausa, porque gosto dele e gosto do que escreve, e sou uma dessas pessoas que acha realmente que ele é um grande conhecedor do terror, tanto psicológico, quanto sobrenatural.

Só que ultimamente, tá tudo muito natural e chato.

"Somewhere" set photos

Lindas fotos, assim como espero que o novo filme da Sofia Copolla também esteja lindíssimo. Foi aplaudídissimo em Veneza e é um dos favoritos!!! Tô na torcida.

Infelizmente, sem data de estréia no Brasil. Estréia nos EUA em Dezembro desse ano.

Obs: imagens retiradas do blog, "Amorita".

O Demônio do Meio-Dia

Só mês passado me dei conta da existência de "O Demônio do Meio-Dia - Uma Anatomia da Depressão", livro do jornalista Andrew Solomon, publicado em 2001 nos Estados Unidos. E levei um bom tempo lendo suas quase 700 páginas, não pela dificuldade da escrita, mas pela dificuldade do tema. Quem teve depressão - e 25% da população, tem ou teve - sabe da enorme desmotivação de se falar sobre os sintomas da maior doença contemporânea, embora ela exista há muito tempo. Sabe também do estigma, dos problemas familares que ela desencadeia e de tantas outras infelicidades que ela propicia. Mas devo advertir que embora tenha lido vários livros, artigos e estudos científicos sobre depressão, nenhum me comoveu tanto quanto o livro de Solomon. Seu trabalho é consequência de uma pesquisa meticulosa, de sua história de vida e de histórias de vida de tantas outras pessoas entrevistadas por ele. Não há a neutralidade científica, e sim, emoções humanas. Há estatísiticas, apenas para corroborar o que o autor escreve, e assim sendo, ele nos aproxima de maneira bastante intensa do universo da depressão e dos deprimidos.

Minha sugestão para aqueles que se interessam pelo assunto ou são conscientes de seu estado depressivo é a leitura do livro, e mais do que isso, rabisque o livro, tome notas, leia novamente. Como escreveu Virginia Woolf: "Tome nota e a dor vai embora". Pelo menos por um tempo.

A depressão é uma doença biológica, genética, psicológica, uma mistura de tudo? Nada e nenhuma ciência ainda conseguiu responder a essa questão de maneira esclarecedora, mas elas têm se unido para combater um mal que ainda hoje é visto de maneira deturpada e indiferente. Para muitos, depressão é preguiça, é enrolação, é trivial, justamente porque nunca passaram por isso, pelo dilema de querer realizar uma simples tarefa, como tomar banho e não ter forças para se levantar da cama. Logo, "O demônio do meio-dia" é uma explicação das condições existenciais de pessoas com depressão, mais do que isso, é um relato comovente de sobreviventes de colapsos nervosos, de pessoas abusadas fisicamente e mentalmente, de sujeitos cansados de viver, do abismo que a pessoa é jogada, dos medicamentos que são necessários e vitais para continuar lutando, pela terapia da fala, seja ela qual for, pela significância de um assunto que com o passar dos anos foi sendo extrememante banalizado.

Andrew Solomon não teve medo de nada ao escrever o seu livro: suicídio, homossexualidade, instituições psiquiátricas, médicos moralistas, descaso das autoridades e governo. O que ele quis foi exatamente provocar discussões sobre o tema ao procurar e pesquisar uma gama interminável de opiniões, tratamentos e além, dar esperanças a quem precisa. Seu livro é um grito de ajuda e uma mão estendida para aqueles que necessitam. Uma obra prática, mas nem por isso, apenas objetiva, ela também é poética. Porque todos aqueles que são depressivos (eu sou uma - me livrei da depressão, mas não do ânimo depressivo) sabe assim como Solomon que só a beleza, a arte, o amor e a preocupação com o que de fato importa, vale a pena.

Saúde e humor deploráveis

Começou com uma gripe forte, o corpo estendido na cama com dores de quem foi atropelado por um caminhão, mais tarde após alguns (ou muitos) - depende do ponto de vista - remedinhos, melhorei. Então veio uma picada de algum inseto miserável e um dia depois minha perna parecia a de um elefante. Hospital, soro, anti-alérgico. Melhorei. Mas veio outra gripe e me baqueou, dor de ouvido, daquelas de chorar igual criança que perdeu a chupeta. Mais remédio, antibiótico. E agora, com uma tosse fudida, ainda com dores no ouvido, vieram as reações adversas da bula: náusea, tontura, dor de cabeça e vertigem!!!

O corpo já não funciona como antes e eu já não tenho mais 20 anos. Ok, disso eu já sei, mas precisa-se de mil afecções para eu ter certeza??? E ainda dizem que deus existe...