Cada qual com seus gostos, podem ser eles: estranhos, acessíveis, absurdos, bizarros. O fato de não aceitar os interesses dos outros, só mostra a intensidade de algo que queremos negar, esconder, boicotar em nós mesmos. Sempre escondemos algumas de nossas afeições, seja de alguns amigos, da família, ou da sociedade em geral, justamente para continuar pertencendo a esses grupos.
O sentimento de pertencer é urgente, é gritante e berra a todo o momento. Não queremos ser excluídos como excluímos outros por não gostar justamente do que fingimos gostar. Por mais que essa idéia soe destoante pode ser verificada quando nos abrimos para nós mesmos. Afinal de contas, se eu não tivesse que vestir essa máscara todos os dias e ocultar quem eu realmente sou, quem eu seria?
Parece fácil se não levarmos em conta que estamos falando de uma vida de dualismos. Eu gosto de pagode, mas finjo gostar de jazz, acho o Van Damme incrível, mas conto que meu ator favorito é o Jack Nicholson, apesar de achar bacana a menina linda com quem eu saio, eu gosto mesmo é da feia que eu não teria coragem de levar nem até a esquina, sempre quis ser biólogo, mas fiz medicina para agradar mamãe e papai, sou gay, mas ninguém sabe.
Não haveria problemas maiores se soubéssemos respeitar o outro como ele é, mas o outro como ele é esbarra naquilo que a gente inventa que não é.
E de quem é a maior felicidade ou mesmo a maior infelicidade? Daquele que vive intensamente o que sente, o que ama, mas não entra para a lista da festa de sábado ou aquele que mente descaradamente e pode conviver em paz nas reuniões de família?
Quem tiver a resposta, me diga.
Pertencer é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida – Clarice Lispector.
3 comentários:
E já dizia o vesguinho: "O inferno são os outros". E não?!
Beijo, beijo, beijo!
ô vida!tudo mto complicado!
Caí aqui por acaso. Me parece que o blog é novíssimo, mas já gostei do que eu li! Parabéns pelos argumentos.
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