Sempre acreditei que sobreveveria à filmes de terror.
sexta-feira, 22 de junho de 2007
Coisa à toa
Sempre acreditei que sobreveveria à filmes de terror.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
A Constituição do "Eu" na Modernidade
No Renascimento (séc XVIII), já é clássico dizer que nasce o humanismo moderno e assim sendo, é neste período que passaria a se afirmar uma concepção de subjetividade privatizada (idéia de liberdade do homem e sua posição como centro do mundo).
Anterior ao Renascimento, a Idade Média é a época da “nação”, do grupo (religioso). Haveria uma ordem absoluta, representada por Deus e seus correspondentes terrestres: a Bíblia e a Igreja.
O Humanismo renascentista foi a convicção de que o mundo natural é o reino do Homem, tornando-se exaltado com o valor de seu corpo e de seus prazeres. Mas, diferentemente da Idade Média, o Homem do Renascimento têm que procurar uma formação, ele deve constituir-se enquanto humano. Se o homem não nasce com o seu destino predestinado (por Deus, onisciente, onipresente e onipotente), ele próprio deve se formar, se educar. Se os homens acreditavam ter um ponto de referência externo (um centro do mundo) sobre o qual podiam se apoiar, agora já não podiam contar com essa certeza.
Luis Cláudio Figueiredo em “A Invenção do Psicólogo”, já observou que o Homem é o centro e é livre para tornar-se o que quiser, mas ele não é propriamente nada, pois há uma negatividade deste Homem, e é justamente esse vazio que ocupa o lugar do centro.
Para a constituição da Psicologia como ciência no século XIX foi necessária uma demanda, essa, chamada de “crise da subjetividade individualizada”. O Homem têm sua subjetividade individual, mas está perdido em sua individualidade. Ele já não tem noção do “caminho” que deve seguir, de metas e nem de moralidade.
Se na Idade Média havia um referencial – Deus – e se no Renascimento havia uma liberdade jamais sonhada pelo Homem, usufruindo prazeres múltiplos, hoje o Homem não têm nem a Deus, nem prazeres mínimos; este é o legado que nos foi proporcionado.
Queremos a companhia de um “outro” ao mesmo tempo em que queremos preservar nossa “individualidade”, desejamos dinheiro para compras que nos fariam “mais felizes”, mas quando o temos, não sentimos felicidade.
Desejamos tudo, conseguimos alguma coisa e não estamos felizes com nada. Esperando sempre, o próximo carro, um emprego melhor, um namorado mais bonito, o filme da semana. Na Contemporaneidade, esperamos tudo, esperando, talvez, um dia que possamos ser felizes.
De modo geral, esse é o modo da Psicologia pensar o seu sujeito. O interesse é de ressaltar a implicação da Psicologia na Modernidade ocidental, e a Psicologia ocidental tem como fundamento a subjetividade.
As Psicologias procuram responder de diversas maneiras às demandas surgidas da crise da subjetividade moderna. Realmente, não é à toa que suas linhas principais tenham tido início no fim do século XIX. Em alguns casos, as teorias alinham-se a uma ou algumas destas tendências, quer para afirmar a subjetividade, quer para, de fato, pô-la em questão.
Coloquemos então a subjetividade do Homem infeliz do século XXI como o centro do mundo.
domingo, 10 de junho de 2007
Qual a questão?
O e-mail é extenso, raivoso e agressivo; uma das partes que me chamou atenção: "Se a atriz realmente se preocupasse com os refugiados políticos, não precisaria necessariamente divulgar tudo o que faz, os grandes humanitários sempre foram discretos".
Acho relevante colocar alguns pontos de vista sobre a questão, até porque penso diferente do meu colega que nomeou o e-mail de "Americanos Marketeiros".
Segundo fontes - verdadeiras ou não, vai saber? - a atriz dedica um terço do seu tempo percorrendo o mundo como embaixadora da Organização das Nações Unidas, doa uma quantia exorbitante em dinheiro e é figurinha carimbada em congressos e fóruns de economia global. O site da organização mundial sobre refugiados anunciou mês passado que o acesso de internautas e o aumento de questões sobre os refugiados quadriplicou nos últimos três anos - exatamente - por causa da "marketeira americana". O site mundialmente famoso, You Tube, registrou que entre os vídeos por celebridades mais procurados é o de Jolie, com cenas e fotos dela visitando países africanos e asiáticos. Além de estar em negociação para a legalização da adoção de seu quinto filho, sendo quatro deles, adotados nesses mesmos países.
Por mais que eu pense, e minha razão pode ser bastante limitada, não encontro uma resposta adequada para algumas perguntas: O que exatamente " a marketeira americana" ganhou com tudo isso? Ficou mais famosa? Ganhou mais dinheiro? O mesmo dinheiro que ela doou? A mesma imagem que ela veincula para ficar mais famosa, assim, mais rica, assim, uma das mais importantes financiadoras de projetos sociais?
Se for isso, ótimo, eu mesma ajudo a destacar seu nome em prol da filantropia mundial! E não deveriam todos fazer o mesmo?
O e-mail ainda me passou a impressão de preconceito com o fato de Angelina Jolie ter nascido nos Estados Unidos. Seria ela diferente se tivesse nascido no Brasil? E se eu usasse do mesmo preconceito refutável e afirmar que se aqui ela tivesse nascido, seria marginal, pobre ou prosituída? A conexão faria sentido? Todas as brasileiras são marginais, pobres e prostitutas? Todos os norte-americanos são alienados e trancafiados em sua própria bolha?
As teorias aqui são exatamente a de papéis sociais e de ideologia. Pode Angelina Jolie, a filha rebelde, a adolescente petulante, a colecionadora de tatuagens e parceiros sexuais, a mulher incestuosa que se deita com o irmão, àquela que se mutila com facas, ser a mesma pessoa que hoje dedica o seu tempo constituíndo família e visitando lugares de décimo mundo? E pela décima vez, a questão: Por que uma determinada pessoa só pode ser uma coisa? É um maniqueísmo vagabundo de horóscopo de jornal de quinta categoria. Ou a questão seja: Por que a pessoa se torna aquilo que os outros enxergam dela?
Não, as questões não são essas. O mundo se transformou, nunca as pessoas foram tão cínicas a ponto de desacreditar tanto na própria credibilidade de ser (traço) humano.
A questão pode ser essa: Por que temos todos que ser tão ordinários que além de efetivamente não crer e não agir, ainda duvidamos e rimos da fé alheia?
Angelina Jolie nunca foi a questão.