A diretora norte-americana Sofia Coppola dirigiu três filmes: "As Virgens Suicidas" em 2000, "Encontros e Desencontros" em 2003 e "Maria Antonieta" em 2006. São filmes bem distintos e ao mesmo tempo parecidíssimos na temática.
O olhar de Coppola é um olhar feminino sobre as mulheres e sobre o mundo caótico e vazio que elas pertencem. Maria Antonieta, a última rainha da França é lembrada fortemente por ter sugerido ao povo faminto francês que comesse brioches, já que não havia pão, e por conta de desatinos como esse, teve a cabeça decepada pela guilhotina na Revolução Francesa, mas parece que tais fatos não são importantes para a diretora, que não os mencionam. Sua lente registra a menina/mulher antes da delfina/rainha. Maria Antonieta, austríaca, saiu de casa e se casou aos 15 anos com o delfim francês que se negava a ter relações sexuais com a esposa e acabou numa vida de festas, intrigas e luxúrias da corte francesa. Sua vida luxuosa e dispendiosa é mostrada com suprema perícia por Sofia, assim como sua completa alienação em relação aos problemas do povo e das implicações políticas de seus atos. Mas é uma visão acima de tudo, simplesmente humana. Assim também é retratada Charlotte de "Encontros e Desencontros", tão humanizada perante seus medos e seus vazios existenciais. Charlotte está perdida na cidade de Tokyo, mas não essencialmente perdida no idioma, mas em si mesma; Ela poderia estar em qualquer lugar do mundo e continuaria perdida.
O olhar de Coppola é um olhar feminino sobre as mulheres e sobre o mundo caótico e vazio que elas pertencem. Maria Antonieta, a última rainha da França é lembrada fortemente por ter sugerido ao povo faminto francês que comesse brioches, já que não havia pão, e por conta de desatinos como esse, teve a cabeça decepada pela guilhotina na Revolução Francesa, mas parece que tais fatos não são importantes para a diretora, que não os mencionam. Sua lente registra a menina/mulher antes da delfina/rainha. Maria Antonieta, austríaca, saiu de casa e se casou aos 15 anos com o delfim francês que se negava a ter relações sexuais com a esposa e acabou numa vida de festas, intrigas e luxúrias da corte francesa. Sua vida luxuosa e dispendiosa é mostrada com suprema perícia por Sofia, assim como sua completa alienação em relação aos problemas do povo e das implicações políticas de seus atos. Mas é uma visão acima de tudo, simplesmente humana. Assim também é retratada Charlotte de "Encontros e Desencontros", tão humanizada perante seus medos e seus vazios existenciais. Charlotte está perdida na cidade de Tokyo, mas não essencialmente perdida no idioma, mas em si mesma; Ela poderia estar em qualquer lugar do mundo e continuaria perdida.
As virgens moram em casa com os pais, num ambiente que supostamente deveria ser aconchegante e acolhedor, mas acabam se matando. Embora recebam uma educação ultra-conservadora, seus pais, contudo, são pessoas que achamos aos montes em qualquer lugar do mundo. Coppola não quer estabelecer uma identificação mais profunda do espectador com o cotidiano das meninas, porque seu drama é observado à distância, por quatro rapazes da vizinhança. É como se ela quisesse lembrar que não está julgando fatos, apenas descrevendo vidas. Perene em seus filmes, existe a urgência em compartilhar suas histórias, que são nossas histórias, algo raro nos dias de hoje, cuja única urgência dos filmes é aliviar a carteira de otários.
O olhar feminino é um olhar raro no cinema. Mais raro ainda é encontrar nesse olhar um carinho autêntico pela condição humana, que valoriza as questões do segundo sexo sem os excessos do feminismo raivoso, colocando a mulher no centro do universo sem atirar o homem num subúrbio mal-cheiroso.
Sofia Coppola só (só??) transporta para a tela o estrangeiro que vive em cada um de nós.
"Meu corpo é um estrangeiro a quem levo pão e água diariamente". Murilo Mendes.
O olhar feminino é um olhar raro no cinema. Mais raro ainda é encontrar nesse olhar um carinho autêntico pela condição humana, que valoriza as questões do segundo sexo sem os excessos do feminismo raivoso, colocando a mulher no centro do universo sem atirar o homem num subúrbio mal-cheiroso.
Sofia Coppola só (só??) transporta para a tela o estrangeiro que vive em cada um de nós.
"Meu corpo é um estrangeiro a quem levo pão e água diariamente". Murilo Mendes.
4 comentários:
Mais raro do que o olhar feminino no cinema é este tipo de olhar sobre a obra da Coppola.
Parabéns, minha querida.
O que eu me identiico com vc são os temas que vc escolhe.
Não são batidos, chatos e didáticos como de outras psicólogas.
Esse da Coppola é simples e bonito.
Era tão bacana falar com você sobre os seus olhares tão peculiares sobre determinadas coisas com as quais me identifico. Saudades Mara, muita.
Dos três filmes da diretora vi o 'Enconcontro e desencontros' que achei interessante mas não empolgante!Já que o sexo é tão gritante no mundo humanoe biológico em geral,porquê o 'Encontros.." ficou sem sexo?Bem.. uma questão: Será que temas existênciais dão bons filmes!?Farei uma comparação(não sei se justa)'Apocalypse Now' do pai de Sofia,no meu entender é um filme 'intimista e 'existêncial'mesmo tratando de um assunto tão coletivo quanto a guerra,não pode ser descrito como um filme interessante,é um filme visceral, abissal!
Mas como vc falou é raro um olhar feminino(Sem ser estereotipado), dou a maior importância pra Sofia e assim que puder vou conferir os outros dois filmes!
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