sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Qual a razão?

Me perguntando muitas vezes porque escrevo análises que ninguém lê, se os poetas sempre dizem do mesmo, com mais beleza...

"Seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim". Sigmund Freud.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Grito

É que o mundo todo vivo tem a força de um inferno. - C. Lispector.

Novos rumos para a análise

Todos os psicólogos passam por isso – e eles, todos – podem confirmar. Falou-se em Psicologia, logo as pessoas pensam em Freud, e se referem às suas teorias, que obviamente, não sabem explicar; lembram que o filho quer “comer” a mãe, perguntam se ele não era “um pouco louco”, afirmam que ele usava cocaína, portanto, era um viciado e para completar, que era um pervertido e só pensava em sexo.

Tentando esclarecer: nem todo psicólogo gosta de Freud, nem todo psicólogo, sequer, conhece a obra de Freud. E não, ele não era viciado, a teoria do “comer” a mãe é bem mais complicada e não era pervertido.

Dentro da ciência psicológica, há inúmeras formas de psicoterapia, diversas teorias – antigas, novas – entre elas: Gestalt, o Humanismo, o Existencialismo, a terapia Reichiana, a psicologia analítica de Jung, o psicodrama, e existe a psicanálise (o legado de Freud).

Eu me especializei em psicanálise, estudei Freud, Winnicott, Melanie Klein, Lacan, Bion e todos os psicanalistas “famosos”, por assim dizer. E não tenho dúvidas que todos eles me acrescentaram algo – fantasias, indagações, sorrisos, escárnios, preguiça, descontentamento, contentamento – mas, também não tenho dúvidas que pouco restou desta psicanálise que me refiro. As teorias foram mudadas, melhoradas, refutadas, corroboradas, e hoje a teoria freudiana veste outro tom de roupa.

Freud – para mim – foi o maior pensador do século XIX, e com exceções de alguns textos fantásticos que ainda são muito atuais, como: “O mal estar da civilização”, “Totem e Tabu”, e principalmente o seu melhor livro, o dos sonhos, hoje o velhinho com o seu famoso charuto não passa de uma imagem, uma fotografia antiga. Não que ele não seja responsável pela psicanálise atual, sem ele, ela não existiria, mas, a sua psicanálise – me desculpem, os que não concordam – ficou fora de moda e de uso.

As histéricas de seu tempo deram lugar aos neuróticos obsessivos, aos paranóicos, aos transtornos de personalidade borderline, aos depressivos e uma infinita gama de particularidades que Freud nem sonhou ou ousou escrever. E para acompanhar essa demanda, precisou-se estudar a adequação da psicanálise para os dias atuais.

Eis que surge Pierre Marty, e funda a Escola de Paris. Marty descobre então a Psicossomática. E é ela que toma conta – pelo menos, deveria – do cenário atual da análise. Com sua noção de “mentalização” ele conseguiu explicar doenças sérias, no caso, câncer, epilepsia, hipertensão arterial e tantas outras, como doenças bem recorrentes: angústia difusa, depressão essencial, enxaqueca, dores nas costas, distúrbios alimentares. Ele conseguiu provar que em uma teoria psicológica é possível que 2 + 2, seja 4, sem erros. Uma teoria que constata a presença de fatores psicológicos em praticamente todas as doenças físicas, de uma simples gastrite até um infarto. Faz anos que não vemos médicos desacreditarem da presença do fator psicológico. O trabalho interdisciplinar com o médico abre-se então para o psicólogo. E mais, abre-se um trabalho funcional para o paciente que procura um psicólogo.

Sem questionar a importância de Freud e de tantos outros psicanalistas importantes em suas determinadas épocas, se eu procurasse um psicanalista para me atender, a primeira pergunta seria: Você estudou psicossomática?