terça-feira, 16 de setembro de 2008

I wanna be...

Antigamente, num passado não tão longínquo, eu imaginava e sonhava e desejava tantas coisas - admito que a maioria eram bem utópicas - porque as pessoas queridas imaginavam e sonhavam e desejavam muitas coisas pra mim. Sempre ouvi repetidas vezes de familiares, professores e amigos que eu tinha potencial, que eu era inteligente e que ia me dar bem na vida.
Hoje não sei nem o que é potencial e muito menos o que é "me dar bem". Tentei inúmeras coisas em todas as áreas da minha vida, profissionalmente quis ser bombeiro, astronauta, policial, filósofa, psicóloga, florista, vendedora de livros, escritora de livros, marginal, bandida. Mas não sei bem levar a vida nem vivendo de maneira "normal", quanto mais vida bandida.
Amorosamente, nunca sonhei em constituir casinha com cerca branca, filhos e cachorros no quintal. E não é que eu não tenha tentado isso também, provavelmente terminaria como uma das personagens de Desperate Housewives. O fato é que possivelmente eu tenha tentado me encaixar de todas as maneiras em todas as questões, mas nunca aconteceu, nunca rolou e eu nunca me senti encaixada.
Não sei para onde foi o potencial e a inteligência que falavam. Penso que sobrou apenas o suficiente para as piadas irônicas, as defesas bem armadas, para loucuras consideráveis e para entender que potencial é só mais uma palavra.
Tenho quase 30, mas de uma maneira muito familiar, me sinto uma senhora de 60 anos. Vivi quase todas as emoções, já gargalhei desesperadamente, já chorei insanamente, já mergulhei em todas as neuroses (minhas e dos outros), já fantasiei todas as histórias, realizei quase todas e revisitá-las, ora são fantasticamente boas, ora são feridas, que eu sei, abertas. Tenho inúmeras cicatrizes, no corpo e na alma. Tatuagens para me lembrar de vidas que já tive, máscaras que usei, nomes que eu própria me dei.
Hoje sobrou em mim e comigo uma imensurável vontade de fazer apenas o que eu quero (muita gente não entende, mas já mandei a tal da sociedade à favas também), e o que eu quero são aqueles poucos amigos, mas amigos incríveis, onde existe compreensão, um copo de whisky, uma cervejinha, cigarros, café, livros que me entendam e que seja recíproco, músicas que falem por mim e algumas surpresas.
E realmente, não acho pouco.

7 comentários:

Anônimo disse...

Mara,você sabe que as vezes eu leio o que vc escreve, mas eu resolvi comentar esse porque além de sua amiga eu fui sua educadora e tentei passar tudo o que eu sabia pra vc. Então encontre o seu rumo, porque vc foi educada a ensinar e não se contentar com pouco. Vc é inteligente e continua sendo,então vem tomar um café comigo,te ponho no colo e vamos conversar sobre as outras coisas que vc tem que realizar. Força menina. Beijinhos, Dani.

Anônimo disse...

E como sei que me encaixo nesses poucos, mas intensos amigos, te beijo daqui e celebro contigo tudo o que temos agora, o que vivemos um dia e o que está por vir.

Cheers, baby! Love you so.

Valentina disse...

Mara, eu quero comentar esse post, mas nem sei como depois de duas pessoas que eu sei que são tão queridas pra você. Mas vamos lá..
Desde que te conheci, de cara e depois com a convivência te achei genial. Você faz uma leitura do mundo muito própria, muito sua, de maneira sensível, delicada,politizada. Com pouquíssimas pessoas eu consigo conversas tão profundas e ao mesmo tempo tão bonitas.
Não sei bem também o que é potencialidade mas sei que você consegue transformar a vida as pessoas num lugar melhor porque o seu mundo embriagado de poesia, música, ironia, estabilidade-instabilidade é incrivel e vasto. E nunca concordei quando as pessoas diziam ou dizem que você é esnobe, elitista, prepotente, acho até que você é humilde quando você abre o seu mundo para queoutra pessoa o conheça, porque é um privilégio.
Então, eu só queria te dizer que sou uma privilegiada por fazer parte da sua vida.
Beijos e desculpe o comentário imenso.

Helena disse...

Pensei muito nesta última semana e eu só sei que não quero sair da sua vida, seja da maneira que você escolher.
Porque a Valentina tem razão, a gente se envolve com o seu mundo e fica meio viciada nessa embriaguez.
Beijos Mara.
Será que você poderia me ligar?

Nina disse...

prometi e vou me comportar. e vou comentar o post porque achei ele interessante. dessas coisas todas que você quis ser, você não deixou de ser filósofa e psicóloga, corre no seu sangue tentar encontrar soluções para as pessoas e as coisas à sua volta, fora o fato de você escrever bem e não precisar necessariamente ser escritora, já as outras coisas ficam um pouco mais complicadas. não que você não pudesse ser se quisesse,concordo com sua ex professora e você é inteligente e concordo com a valentina (as vezes eu consigo concordar com ela) de que você é genial e eu te disse isso inúmeras vezes, o maior problema de tudo isso é que você quer ser e ter tudo mas no fundo você não quer nada além do que você já tem e também não acho pouco, a maioria das pessoas podem buscar a vida inteira e provavelmente não vão ter o seu conhecimento, o tipo de amigos que você tem, seletos. lembre-se sempre que você é especial independente dos amigos e dos amores que te acompanharem. é isso, estou respeitando suas escolhas como eu sempre fiz e sempre farei. no fundo eu só quero que você seja feliz com elas.
e aproveitando peço desculpas se ofendi você ou alguém que escreve nesse blog.

Anônimo disse...

Danielle e Daniela, eu devia tatuar um D no corpo só para lembrar (mais um pouco) o quanto eu preciso de vôcês. São queridas, muito.

Tina, vc tem sido incrível desde o momento em que te conheci, obrigada por tudo.

Helena, sinto ter te magoado, mas vc é muitão especial, como eu já disse algumas vezes, vc é uma lady, é o que o Fernando disse: a princesa dos contos de fada.

Nina, que bom que as coisas possam se resolver entre a gente, vc foi especial e acaba de alguma maneira tatuada em mim, obrigada por se comportar bonitinha.

Obrigada meninas.

Anônimo disse...

Minha querida Mara

Tão bom ler vc, bom mesmo seria poder ir as nossas sessões. Vc com quase 30 e eu com 31 fui visualizar as coisas contigo. Grande Profissional, sinto falta das suas orientações, do seu jeito sério, que sempre falava "não vou passar a mão na sua cabeça não". Doía mas na semana seguinte eu tava mais fortalecida.
Queria só lembrar que vc é um dos meus três exemplos. Sinto sua falta!
Com carinho,
Nathalia R.