domingo, 2 de novembro de 2008

Saudade mata a gente, menina...

Amanhã é a data do seu desaparecimento, e eu nunca sei bem lidar com isso.
Você perdeu hoje o pôr do sol e a chuva fina que caiu ontem. Durante o dia as pessoas brincavam e pela noite se amavam.
Perdeu a imensidão azul do céu e das ondas do mar.
Não viu as faces coradas de felicidade nem as faces distorcidas pela dor. Não pôde reclamar da falta do que fazer e não pôde fazer algo belo.
Deixou de assistir belas imagens projetadas em telões, a música com sua perfeita simetria ou com um berro desesperado.
Resumidamente para você entender: Você perdeu uma infinidade de coisas, sejam elas belas ou doloridas, o sorriso ou o choro, a palavra de alívio ou a falta do que dizer.
E será que estou perdendo muito? Enxergo as coisas e você que ganhou o infinito?
O tiro estúpido queimou o coração, calou a sensibilidade, arrancou a alegria da menina loirinha que um dia olhou pra mim e disse que gostava do brilho dos meus olhos (o brilho sumiu). Quando toco imaginariamente o seu corpo, sua face, só sinto o frio de um corpo que um dia eu abracei.
Irmãzinha, se eu pudesse, eu te daria o meu coração, se conseguisse olhar-me no espelho e ver a sua face, eu assim o faria.
Quem sabe um dia eu saiba falar a sua língua para poder compreender melhor, e aí, quando eu aprender, você fala comigo?

4 comentários:

Valentina disse...

Saudade mata um pouco todos os dias, deixa a gente menos humana, mais desesperançosa, menos feliz.
Não posso dizer nada mais sobre esse texto fora o fato de que ele é de uma beleza extremamente triste. E eu sinto muito por você ter que sentir isso dentro de você todo santo dia.
Beijos.

Helena disse...

O seu coração é imenso.
E não pense que o mundo estaria melhor se você tivesse ido no lugar dela.
Beijos muito carinhosos.

Nina disse...

fala comigo, deixa eu te ajudar no que eu puder. já cheguei de porto alegre, e estou aqui em casa.

D. disse...

Eis um soco no estômago.