segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Clint e Angelina




Gosto muitíssimo de Clint Eastwood, deixando claro que a fase dele como herói de filmes de faroeste não está na minha lista de favoritos. Gosto dele como diretor e da pose (pouca pose) de celebridade, da postura austera, do semblante simpático e cativante e da maneira como dirige e conduz seus filmes. Nenhum dos filmes dirigidos por ele estão no meu Top 10, mas é inegável a sua classe e seu mérito nas escolhas dos roteiros, histórias e atores.
Minha admiração se iniciou em "Sobre Meninos e Lobos", histórinha difícil de contar, e quando todos acharam que ele focaria pura e simplesmente no assunto sobre pedofilia e assassinato, ele surpreende e comove. Chamou elenco de peso, até para papéis muito coadjuvantes (acho que deve ser uma tremenda honra trabalhar com ele). Mais tarde veio "Menina de Ouro", que abocanhou diversos prêmios e colocou a atriz Hilary Swank novamente na parada de Hollywood, depois de ser esquecida por alguns anos após "Meninos Não Choram". Filmou dois filmes paralelamente: "A Conquista da Honra", e "Cartas de Iwo Jima", filmes não só de guerra, mas de pontos de vista, de vidas destroçadas por guerras incompreensíveis.

E é assim que Clint filma: foca o lado humano, terreno, subjetivo, deslocado, louco, ingênuo, passivo e lutador que cada pessoa possui. E por isso é adorado. Clint filma nós, em nossa profunda solidão da condição humana.

Nesta sexta, estreou "A troca", e ele escolheu a celebridade maior dos últimos tempos, Angelina Jolie, para protagoniza-lo. Esqueci de dizer anteriormente que Clint também tem um bom faro. Jolie não é só a mulher dos sonhos de muita gente, quando tem um bom papel na mão e quando bem conduzida consegue dar show. Em 1998, quando muitos não sabiam de sua existência, eu a vi em "Gia" e me apaixonei pela maneira intuitiva e instintiva dela de atuar, além de achá-la linda. Depois de Gia, veio "Garota, Interrompida", ganhou alguns prêmios, e virou estrela mundial em "Tomb Raider". E neste momento esqueceram que ela sabia atuar. Angelina fez escolhas terríveis, filmes absurdos, roteiros bizarros e o público começou a vê-la como apenas uma mulher extremamente bonita e afortunada. Veio então, "O Preço da Coragem", filme chatíssimo que narra o famossíssimo evento em que um jornalista sediado no sudeste asiático é sequestrado e morto. Angelina faz o papel da esposa, que incansável, procura o marido, então, desaparecido. Filme chato, mas atuação impecável, que valeu a ela depois de anos, uma indicação ao Globo de Ouro de atriz dramática. Em "A Troca", mais uma vez, ela desenvolve uma outra mulher-coragem, e mais uma vez baseado em pessoas reais e nesse filme, em eventos acontecidos na década de 20 e 30. Ela desenvolve com sensibilidade e força o papel da mãe que vê seu filho desaparecer, e que luta contra a polícia desastrosa e corrupta de Los Angeles que lhe entrega a criança errada.

Neste exato momento, ocorre a entrega de mais um Globo de Ouro, e mais uma vez, ela foi indicada ao prêmio de melhor atriz. Não sei se ganhará, embora seja a favorita, mas pouco importa.

"A Troca" não é inesquecível, não é um filme soberbo, em alguns momentos é longo e pode ser cansativo, mas ele talvez seja obrigatório, simplesmente para descobrirmos o talento de Jolie e reafirmarmos a coragem de Eastwood.
Uma amiga costuma dizer: os sensíveis se encontram. Bom pra nós.

3 comentários:

Valentina disse...

Não assisti a troca ainda, pretendo essa semana, mas de ambos há filmes que me marcaram; acho as pontes de madison de uma beleza quase genial. E não só a direção do Clint Eastwood quando a sua performance são indescritíveis, Streep arrasa.
Quanto a Angelina Jolie, sem dúvida que as pessoas ficam mais ligadas no aspecto estético -até porque é difícil se esquecer - mas acho gia e garota interrompida muito bons filmes com atuações inspiradas da atriz. Ainda estou pra ver o preço da coragem...
Não sei se eles são, mas sustentam um peso de lucidez e clareza, sensibilidade e franqueza. São dois ícones.
Mas só deu Kate Winslet no Globo de Ouro. Você deve estar feliz...
Beijos.

Fernando Bassat disse...

Vi o filme na pré-estréia e tenho que admitir que tem uma cena dela com o menino fake que me fez chorar.
Achei um filme bem estilão Clint mesmo. Ele deixa uma marca bem própria.
Agora, convenhamos, a Jolie nunca vai ser reconhecida como uma grande atriz, assim como Monroe, Bardot, Audrey Hepburn. Depois que vira símbolo sexual mundial, é só isso que as pessoas enxergam.
Fazer o que?

Unknown disse...

Um brinde ao Clint Eastwood..TIM-TIM!