domingo, 12 de abril de 2009

Os Estranhos


Não assisti "Os Estranhos" (The Strangers) quando passava nos cinemas porque achei que era filme de terror, e alguns desses, prefiro assistir em Dvd. Então aluguei o supostamente filme de terror norte-americano que tem no elenco a bonitona Liv Tyler.
Problema: Ele não se encaixa nos moldes 'filmes de horror', mas segundo pontos de vista - inclusive o meu - o drama pode ser tão poderoso que se torna 'horroroso'. Lembro de me sentir vulnerável após o filme, mexida, pensativa, enfim, - para combinar com o título - estranha. Não que haja qualquer coisa nova no filme do diretor Bryan Bertino, mas há uma coisa que não queremos nos deparar nunca e por isso, na maioria dos casos, evitamos esse tipo de filme. O mal estar é gigantesco assim como o nosso medo de encarar os fatos ou como já disse Nelson Rodrigues: A vida como ela é. Exatamente como ela é. E ela é quase sempre um show de horrores e sempre de muito mal gosto.

A sensação foi muito parecida quando assisti "Violência Gratuita" (Funny Games) - o original. Tal sensação pode ser explicada porque os dois filmes falam da mesma coisa e numa linguagem muito similar. Os diretores dos respectivos filmes não querem nos poupar de cenas fortes, de atos arbitrários, de falta de consciência, de psicoses gravíssimas. Eles querem nos revelar. (Nos revelando também a respeito de nossos maiores medos).

Sinopse de "Os Estranhos": Kristen McKay (Liv Tyler) e James Hoyt (Scott Speedman) estão em plena viagem, rumo à remota casa de veraneio dos pais dele. Ao chegar depois de uma noite difícil, eles apenas querem descansar um pouco, mas o descanso é interrompido quando três estranhos mascarados invadem o local.
Quantas vezes nos deparamos com sinopses e histórias bem parecidas em outros títulos? Porque até para escrever a sinopse precisa-se ser ponderado, e não há como falar ponderadamente sobre invasão de domicílio, tortura, jogos psicológicos aterrorizantes e no final, morte estúpida. Logo, simplifica-se o processo.

Assisti "Os Estranhos" a noite, acompanhada e rememoro agora o que ela me disse (e nem estava na metade do filme), "não vou assistir mais, meu coração está doendo". O meu também doeu.
O filme é silencioso, quase todo o tempo - é como se assim pudessemos escutar os pensamentos de medo dos personagens que poderiam ser qualquer um, inclusive eu ou você que está lendo - e ele vai se arrastando e torturando cada um que assiste.
Três estranhos querem 'brincar' com o casal e eles quase não aparecem durante o filme, apenas são marcantes seus jogos de tortura, suas formas de impor suas presenças importunas e apavorantes e deles só se ouve uma frase durante todo o filme. A mocinha pergunta à eles o porquê daquilo tudo, e um deles responde: "Porque vocês estavam em casa". Simples assim, como em qualquer brincadeira. Os estranhos podem ser nossos vizinhos.

Esse feriado eu passei em uma chácara afastada de tudo e de todos e em determinado momento algo dessa natureza passou pela minha cabeça: e se alguém ou alguns quisessem ter comigo e minha acompanhante "funny games"? O que de fato, poderíamos fazer? Nada.
Esse é o nosso maior medo: a impotência de fazer qualquer coisa pela nossa sobrevivência.

Terror, suspense, drama? Eu acho "A Hora do Pesadelo" muito mais leve, já que nesse, os personagens para fugirem da morte, ainda podem acordar.

2 comentários:

Helena disse...

Ai marinha, estou fugindo desse tipo de filme que me escancara a podridão total dos nossos dias.
Tô de olho nas comédias...risos.
Beijão.

Nina disse...

achei o filme brilhante (cinematograficamente falando) e o tema super atual. nota 9,5.