Ontem me livrando do pré-conceito que eu havia formado sem conhecimento, fui assistir à um show da cantora Vanessa da Mata. Semana passada não sabia exatamente o que ela cantava, com excessão daquelas canções que tocam na rádio exaustivamente. Em uma semana baixei as músicas de seus três cds e comprei o seu primeiro e último dvd, "multishow ao vivo" para poder acompanhar sem cara de paisagem à apresentação ao vivo.
O show não foi espetacular e nem inesquecível, a acústica era ruim e o lugar inapropriado, mas mesmo assim, descobri que ela é boa e que não se resume à algumas músicas isoladas. Sua banda, no dvd, tinha músicos do porte de Davi Moraes, Cezinha e Marco Lobo (todos eles já integraram a banda de Marisa Monte, na turnê "Cor de rosa e carvão") - Aqui, deles todos, só Davi se apresentou.
Regravações de "Eu sou Neguinha" de Caetano Veloso e "História de uma Gata" de Chico Buarque para "Os Saltimbancos" são criativas e bem diferentes das originais.
E Vanessa é uma excelente compositora, seu melhor disco, o primeiro, tem pérolas como: "A força que nunca cessa", que foi gravada algum tempo atrás por Maria Bethânia, "Viagem", Case-se Comigo" e "Onde ir", além da reeleitura de "Alegria" de Assis Valente. Começou como cantora para poucos, cantando a vida miserável no Brasil, intimista.
Seus outros álbuns (em minha opinião, inferiores) também com canções belíssimas: "Minha herança: uma flor", "Ainda bem", "Música", "Joãozinho" e "Zé", entre outras.
Suz voz, aguda, lembra àquela de Gal Costa, nos bons tempos, e as notas desafinadas num certo tipo de contexto nem se nota (ou se nota mas não liga-se).
Só faço um pedido à cantora: Não queira ser tão dançante, nem tão popular que possa desviar nosso interesse de seu trabalho bom, para focarmos em coisas irrelevantes como "Ai, ai, ai" e criarmos pré-conceitos não tão bem fundamentados.