Estou aqui com a primeira temporada da série norte-americana, "Brothers and Sisters". Assisti pouco dela e mesmo assim já digo que gosto, mesmo com os clichês característicos: pai morto, mãe alienada, filho homossexual, filho perdido, e filhas neuróticas. (Ponto a favor: As talentosíssimas, Calista Flockhart, Sally Field e Rachel Griffiths).
Gosto, porque quando assisto me vejo, encontro detalhes sórdidos, vívidos e esperançosos em mim e nas pessoas da minha família, porque se é clichê, é porque basicamente, assustadoramente, eles acontecem de monte (seria essa frase um clichê?).
Aprendi quando pequena a me infiltrar na biblioteca do meu pai, a folhear as páginas e conquistar uma estante só pra mim - seria por isso a minha adoração por livros? Mostrava a meu pai algumas coisas que ele não conhecia, e na minha imaginação - não sei se foi algo real, concreto - ele gostava. Uma das mais vivas é a de assistir os filmes do Quentin Tarantino com ele, e quando comprei os Dvds, o peguei muitas vezes assistindo e dando risada com as cenas bem pitorescas do "grande" Quentin. Logo depois, ele curtiu "Cães de Aluguel".
Ele ouvia minhas músicas e pedia pra botar pra tocar. Acho que o silêncio o incomodava bastante. E como uma coisa leva a outra, eu ouvia o que tocava no rádio do carro dele. Lembro da pequena viagem que fizemos, ele me levando para o aeroporto, de madrugada, e a gente conversando sobre a vida dele, das dificuldades da adolescência, da pouca grana, da muita vontade - e tocava de fundo um antigo disco do Roberto Carlos, que ficou marcado em mim, porque a conversa foi boa e talvez, porque o disco seja bom.
Minha prima quando me viu ouvindo umas músicas tipo New Kids on The Block (eu tinha meus 12 anos), me levou para seu quarto e mostrou seus discos. Lembro de alguns deles: Sex Pistols, The Smiths, Rage Against The Machine, Black Sabbath e um disco duplo do Caetano - que hoje é um dos meus preferidos. E não sei se por acaso, esses discos e bandas entraram em minha vida e nunca mais saíram. Mostrei o disco "Mais", de Marisa Monte à ela, e ela gostou e o escutava. A última vez que a vi conversávamos sobre o disco ao vivo da banda Portishead. Ela amava, eu amo.
Não tenho nada de muito em comum com minha mãe e com minha irmã, mas de alguma maneira, de forma boa, penso eu, elas me influenciam todo o tempo, com conversas, atitudes, comportamentos. Uma vez, minha irmã disse que quando ouvia "Esquadros", da Adriana Calcanhotto, como mágica, pensava em mim, na parte em que a canção diz: "Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome, cores de Almodovar, cores de Frida Kahlo, cores...". Não sei bem o motivo, mas me emocionei.
Primas, primos, tios, tias, uma variedade de gente e de gostos e de posturas que interferem na sua vida e faz com que você aprenda, mesmo muitas vezes, não de maneira agradável a se posicionar de outra maneira.
Eu tenho um sobrinho, pequenino, e sempre lhe dou de presentes, livros - para ele já ir montando a sua "estante", discos e filminhos, porque é o meu único legado. Não sou corajosa, não sou talentosa de maneira prática, sou prepotente e orgulhosa, já muito cansada, e isso, eu queria que ele não notasse, não percebesse. Não sei se é possível, mas tento arduamente, todos os dias que ele veja apenas as cores de Almodovar em mim.
Família é clichê. Na minha há os neuróticos, os homossexuais, os alienados e os problemáticos. Na família de todos...
Talvez por isso, valha a pena conferir, "Brothers and Sisters". E como clichê, chorar em muitas das cenas.
Gosto, porque quando assisto me vejo, encontro detalhes sórdidos, vívidos e esperançosos em mim e nas pessoas da minha família, porque se é clichê, é porque basicamente, assustadoramente, eles acontecem de monte (seria essa frase um clichê?).
Aprendi quando pequena a me infiltrar na biblioteca do meu pai, a folhear as páginas e conquistar uma estante só pra mim - seria por isso a minha adoração por livros? Mostrava a meu pai algumas coisas que ele não conhecia, e na minha imaginação - não sei se foi algo real, concreto - ele gostava. Uma das mais vivas é a de assistir os filmes do Quentin Tarantino com ele, e quando comprei os Dvds, o peguei muitas vezes assistindo e dando risada com as cenas bem pitorescas do "grande" Quentin. Logo depois, ele curtiu "Cães de Aluguel".
Ele ouvia minhas músicas e pedia pra botar pra tocar. Acho que o silêncio o incomodava bastante. E como uma coisa leva a outra, eu ouvia o que tocava no rádio do carro dele. Lembro da pequena viagem que fizemos, ele me levando para o aeroporto, de madrugada, e a gente conversando sobre a vida dele, das dificuldades da adolescência, da pouca grana, da muita vontade - e tocava de fundo um antigo disco do Roberto Carlos, que ficou marcado em mim, porque a conversa foi boa e talvez, porque o disco seja bom.
Minha prima quando me viu ouvindo umas músicas tipo New Kids on The Block (eu tinha meus 12 anos), me levou para seu quarto e mostrou seus discos. Lembro de alguns deles: Sex Pistols, The Smiths, Rage Against The Machine, Black Sabbath e um disco duplo do Caetano - que hoje é um dos meus preferidos. E não sei se por acaso, esses discos e bandas entraram em minha vida e nunca mais saíram. Mostrei o disco "Mais", de Marisa Monte à ela, e ela gostou e o escutava. A última vez que a vi conversávamos sobre o disco ao vivo da banda Portishead. Ela amava, eu amo.
Não tenho nada de muito em comum com minha mãe e com minha irmã, mas de alguma maneira, de forma boa, penso eu, elas me influenciam todo o tempo, com conversas, atitudes, comportamentos. Uma vez, minha irmã disse que quando ouvia "Esquadros", da Adriana Calcanhotto, como mágica, pensava em mim, na parte em que a canção diz: "Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome, cores de Almodovar, cores de Frida Kahlo, cores...". Não sei bem o motivo, mas me emocionei.
Primas, primos, tios, tias, uma variedade de gente e de gostos e de posturas que interferem na sua vida e faz com que você aprenda, mesmo muitas vezes, não de maneira agradável a se posicionar de outra maneira.
Eu tenho um sobrinho, pequenino, e sempre lhe dou de presentes, livros - para ele já ir montando a sua "estante", discos e filminhos, porque é o meu único legado. Não sou corajosa, não sou talentosa de maneira prática, sou prepotente e orgulhosa, já muito cansada, e isso, eu queria que ele não notasse, não percebesse. Não sei se é possível, mas tento arduamente, todos os dias que ele veja apenas as cores de Almodovar em mim.
Família é clichê. Na minha há os neuróticos, os homossexuais, os alienados e os problemáticos. Na família de todos...
Talvez por isso, valha a pena conferir, "Brothers and Sisters". E como clichê, chorar em muitas das cenas.
5 comentários:
Você escreve com o coração, com a alma. Me emociono te lendo.
Um beijo.
Gosto quando você escreve sobre você.
Beijo diva.
Obrigada Lisa e beijo Fê!!
Bem, a familia..
como diz o chatolino Angelo Gaiarça , a familia ,ao contrário da guerra , (que te mata de uma vez )mata vc em doses homeopáticas!
Talvez o mais importante sobre familia é: Não idealize, familia lindinha ,adequadinha é só na foto!
Temos que aceitar a familia possivel!
Ou vc aceita ou está condenado a uma canseira sem fim!
Saudades até da sua poodle histérica de castigo de pé atrás da porta.
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