segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Nossos mortos e nosso morrer

Assim como a maioria dos feriados, esse, dia de finados, pra mim é de um simbolismo meio (pra não dizer inteiro) bobo.
Hoje a maioria das pessoas estavam comomorando o fato de não terem que ir trabalhar, seja na cidade ou na praia entupida com um sol de 40 graus na cabeça. Alguns outros, poucos, visitaram cemitérios para se "lembrarem" daqueles que morreram.
Na minha modesta opinião, não precisamos de feriado decretado para lembrarmos daqueles que não estão mais com a gente. Se essas pessoas eram realmente importantes e significavam algo de muito concreto em nossas vidas, é normal que se pense nelas durante muitos dias e em muitos momentos do ano. Alguns dos nossos mortos, viram fantasmas que nos perseguem durante toda a vida - para o bem ou para o mal.

Na semana que passou estava assistindo algum programa tosco que a programação aberta nos oferece, e lembro de ter ouvido que as pessoas não pensam na morte, que elas estão tão consumistas, tão individualistas, e etc, que não conseguem parar para pensar em sua própria finitude. Pois bem, essa é uma das grandes asneiras que eu já ouvi na vida. Não precisa ser psicanalista pra conceber que as pessoas pensam na morte todo o tempo. Se não pensam diretamente, sonham ou se deparam com ela a maioria do tempo, e uma das razões para que uma pessoa se torne uma consumista de carteirinha, é exatamente saber que vai morrer. "Se vou morrer, vou aproveitar o que o dinheiro pode me proporcionar enquanto estou viva". Quando eu ainda clinicava, lembro de uma senhora que eu atendi que disse que estava planejando uma viagem para a Europa, não pelo simples fato de conhecer a Europa, mas pelo medo de morrer sem ter conhecido um continente que "todo mundo fala bem".
Então a gente se desdobra em 10 pessoas ao mesmo tempo: fazemos cursos, de pintura, cerâmica, artesanato, aulas de ginástica, ioga, musculação, tentamos aprender outros idiomas, vamos ao shopping tostar o salário que acabamos de ganhar, combinamos mil eventos, café com a fulana, jantar com a cicrana, passeio com o joão mané. Tudo, absolutamente tudo para que possamos esquecer que em nossa vida vai ter um letreiro: "The End"

Então, sim, acho uma baboseira um feriado de finados. Acho que deveríamos ter um feriado para celebrar a vida, essa meio em trancos e barrancos, mas que é nossa. Porque deixar de pensar na finitude, ah, isso não dá não!

Obs: falando em mortos, Fabiana, amanhã faz 10 anos que você saiu de casa e nunca mais voltou. Eu penso em você todos os dias desses 10 anos. Te amo, você faz falta.

4 comentários:

Daniel Saes disse...

Má, também penso muito na Fá! Inclusive aqui no quarto dela, toda noite durmo com o retrato me olhando!
Assim como não poderia deixar de ter sido, também pensei muito em seu pai nesse final de semana! Enfim...
Falando em celebrar a vida, pena não ter podido ir ter comigo nesse domingo, o risoto ficou uma delícia e você fez falta!

beijo doce
Dani

Fernando Bassat disse...

Quais são os feriados que realmente são relevantes neste país? Se contar 2 deve ser muito!
Beijos diva!

Anônimo disse...

Eu não penso na morte todos os dias. isso é coisa de psicóloga, todas falam a mesma coisa.

Mara Toledo disse...

Dani,
que possamos sempre celebrar a vida e lembrar com carinho das pessoas que amamos e que não estão mais presentes. Um beijo grande.

Fê,
dia das crianças é feriado? rs
acho ele relevante!!!

Sr. Anônimo,
se todas as psicólogas falam a mesma coisa, você poderia ao menos considerar que talvez, apenas talvez, elas tenham razão.

Beijos pra todos.