Algumas vezes eu tento baixar alguns filmes da internet por achar que eles não valem o dinheiro do cinema ou da locação. Assisti hoje um remake da década de 80, que ainda não estreou nos cinemas brasileiros, "I Spit On Your Grave", ou aqui no Brasil, "Doce Vingança" e fiquei pensativa a respeito dele quando acabou. (Valeria o preço salgado de R$13,00 nas salas de cinema).
Resumindo o filme: Jennifer é uma escritora que se refugia em uma cabana longe da cidade e é humilhada, torturada e estuprada por 5 homens do local, inclusive pelo xerife. Jennifer consegue escapar da morte e volta para torturar e matar seus algozes.
Obviamente não é uma história nova, muitos filmes do tipo podem ser assistidos por aí. Mas esse é sinceramente honesto. Não mascara a violência extrema de acontecimentos horrorosos, ele escancara, nos convida à assistir - deliberadamente, pois a violência gera curiosidade - atos que estamos acostumados a ouvir e ler em todos os noticiários.
Não me questionei por sequer um minuto se a vingança deve ou não ser cometida por quem uma hora foi vítima, nem me perguntei se teria a mesma coragem, nem se é certo ou errado. Questionamentos assim devem ser feitos apenas por quem passou por algo tão constrangedor e humilhante, porque a moral da história é exatamente essa: você pode assistir, ser um voyeur, tentar entender os sentimentos de vítimas de maus-tratos, mas jamais chegará perto da sensação da dor dessas pessoas. Entender, explicar, justificar são apenas tentativas nossas para conseguir continuar vivendo em um mundo que violência psicológica e física são comuns, deixando marcas apenas nos que sofreram, já que a maioria das vezes os que cometeram tais atos, saem imunes de qualquer castigo ou punição.
É evidente que o nosso lado animalesco gosta de assistir os algozes sendo torturados. Nos colocamos no lugar da mocinha e sentimos vontade de agredir aqueles "que merecem". O sorriso de contentamento da escritora no final do filme é revelador: não se trata apenas de vingança, mas do gostar de inflingir dor nos outros, que socialmente é inconcebível, ou deveria ser.
O filme pode ser relevante porque mostra o pior que existe em nós, e para quem quer enxergar, revela a monstruosidade existente que a gente tenta violentamente esconder dos outros, para mostrar que somos diferentes da raça de "monstros" que cometem estupros, violências arbitrárias e assassinato. Não somos.
Apenas escondemos melhor.
4 comentários:
Eu sou burro ou vc chamou todo mundo de estuprador e assassino?
Como é anônimo?
Tem coisas que não mudam né? O anônimo , continua sem noção...
Leia direito antes de se pronunciar, sr. anônimo.
Abraço Leninha.
Beijo Ka.
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