No Renascimento (séc XVIII), já é clássico dizer que nasce o humanismo moderno e assim sendo, é neste período que passaria a se afirmar uma concepção de subjetividade privatizada (idéia de liberdade do homem e sua posição como centro do mundo).
Anterior ao Renascimento, a Idade Média é a época da “nação”, do grupo (religioso). Haveria uma ordem absoluta, representada por Deus e seus correspondentes terrestres: a Bíblia e a Igreja.
O Humanismo renascentista foi a convicção de que o mundo natural é o reino do Homem, tornando-se exaltado com o valor de seu corpo e de seus prazeres. Mas, diferentemente da Idade Média, o Homem do Renascimento têm que procurar uma formação, ele deve constituir-se enquanto humano. Se o homem não nasce com o seu destino predestinado (por Deus, onisciente, onipresente e onipotente), ele próprio deve se formar, se educar. Se os homens acreditavam ter um ponto de referência externo (um centro do mundo) sobre o qual podiam se apoiar, agora já não podiam contar com essa certeza.
Luis Cláudio Figueiredo em “A Invenção do Psicólogo”, já observou que o Homem é o centro e é livre para tornar-se o que quiser, mas ele não é propriamente nada, pois há uma negatividade deste Homem, e é justamente esse vazio que ocupa o lugar do centro.
Para a constituição da Psicologia como ciência no século XIX foi necessária uma demanda, essa, chamada de “crise da subjetividade individualizada”. O Homem têm sua subjetividade individual, mas está perdido em sua individualidade. Ele já não tem noção do “caminho” que deve seguir, de metas e nem de moralidade.
Se na Idade Média havia um referencial – Deus – e se no Renascimento havia uma liberdade jamais sonhada pelo Homem, usufruindo prazeres múltiplos, hoje o Homem não têm nem a Deus, nem prazeres mínimos; este é o legado que nos foi proporcionado.
Queremos a companhia de um “outro” ao mesmo tempo em que queremos preservar nossa “individualidade”, desejamos dinheiro para compras que nos fariam “mais felizes”, mas quando o temos, não sentimos felicidade.
Desejamos tudo, conseguimos alguma coisa e não estamos felizes com nada. Esperando sempre, o próximo carro, um emprego melhor, um namorado mais bonito, o filme da semana. Na Contemporaneidade, esperamos tudo, esperando, talvez, um dia que possamos ser felizes.
De modo geral, esse é o modo da Psicologia pensar o seu sujeito. O interesse é de ressaltar a implicação da Psicologia na Modernidade ocidental, e a Psicologia ocidental tem como fundamento a subjetividade.
As Psicologias procuram responder de diversas maneiras às demandas surgidas da crise da subjetividade moderna. Realmente, não é à toa que suas linhas principais tenham tido início no fim do século XIX. Em alguns casos, as teorias alinham-se a uma ou algumas destas tendências, quer para afirmar a subjetividade, quer para, de fato, pô-la em questão.
Coloquemos então a subjetividade do Homem infeliz do século XXI como o centro do mundo.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
A Constituição do "Eu" na Modernidade
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3 comentários:
Isso é uma aula de Psicologia! Parabéns.
Mara, subjetividade não é privada? Por que falar de uma 'subetividade privatizada'? Beijos.
Ta bom, mas uma dúvida !
Psicologia é ciência ? Pseudo-Ciência ? Sim sim, acho que sim, afinal teorizar sobre o que é possivel que seja sem poder realmente comprovar o que é por um método científico, também é ciência!
Hum, concordo com o Fernando, a privada é subjetiva ! Pricipalmente se considerarmos o gênero !
hehehehe te amo
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