segunda-feira, 29 de setembro de 2008

E há de se continuar vivendo

Só percebi a sua morte quando o vaso se espatifou e quebrou em vários pedaçinhos. E eu me lembrei que quando eu cheguei, era assim que eu me sentia, tão quebrada, tão amputada, que eu achei mesmo que você não era boa o suficiente para dar conta. Mas você era, você era a melhor quando o último minuto se aproximava, e você sorria quando falava a única frase, derradeira, que me deixava em transe, em pedaços maiores, num quebra-cabeças um pouco menos complicado.
Ah, seu sorriso...seu abraço, sua ironia de finíssima qualidade, sua inteligência, seu brilhantismo.
No fundo eu só queria que você me notasse e você me notou, me percebeu, me deu a mão, me estendeu, me ligou, costurou, forneceu, divagou.
Eu era a sua caixinha e você deixou entrar luz, luz essa que eu tento manter acesa pra não morrer novamente, porque respondendo à uma de suas perguntas, eu não quero morrer - não quero te acompanhar nessa sua jornada - quero viver do jeito que você tentou me ensinar.
Obrigada, com os olhos marejados de lágrimas e o peito apertado de saudade.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Can´t take my eyes off you...

Eu a vejo todos os dias, mas todos os dias ela vai embora e eu morro de saudades...

domingo, 21 de setembro de 2008

Necessidade

Tem gente que espera a semana toda pra sair sábado à noite, ok, sair é legal, bacana, mas muitas vezes não é necessário. Podemos nos divertir horrores estando em uma boa companhia, com um amigo que te conhece e te faz rir, um whisky na mão e alguns vídeos musicais (alguns sérios, outros engraçadíssimos), um filminho do Almodovar e telefonemas da sua querida/querido.
Ontem rolou "Volver" novamente, e tocou aqui na vitrolinha Madonna, Marisa, Marina, Raul Seixas numa entrevista sem pé nem cabeça com o Jô Soares, Bee Gees num vídeo horroroso para nos lembrar que as décadas passadas nem foram tao boas assim, Janis e seu show histórico na Alemanha, Michael Jackson quando era negro e na fase branca dançando com Naomi Campbell, Jolie cantando "I did my time" ao lado do Korn, a sujeirada e delícia de "Closer" do Nine Inch Nails, Barry White embriagadíssimo num clipe quase surreal, Amy cantando deliciosamente só com violãozinho "Love is a Losing Game" e despirocada em "Beat it".
Eu sempre prefiro não ter o "necessário" e "obrigatório" no meu dicionário. Porque o necessário no caso é viver a vida da maneira que acontecer.
Tears.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Tira as mãos de mim


E Chico sempre tem uma maneira de falar por mim:


Ele era mil
Tu és nenhum
Na guerra és vil
Na cama és mocho
Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E vê se o fogo dele
Guardado em mim
Te incendeia um pouco
Éramos nós
Estreitos nós
Enquanto tu
És laço frouxo
Tira as mãos de mim
Põe as mãos em mim
E vê se a febre dele
Guardada em mim
Te contagia um pouco

terça-feira, 16 de setembro de 2008

I wanna be...

Antigamente, num passado não tão longínquo, eu imaginava e sonhava e desejava tantas coisas - admito que a maioria eram bem utópicas - porque as pessoas queridas imaginavam e sonhavam e desejavam muitas coisas pra mim. Sempre ouvi repetidas vezes de familiares, professores e amigos que eu tinha potencial, que eu era inteligente e que ia me dar bem na vida.
Hoje não sei nem o que é potencial e muito menos o que é "me dar bem". Tentei inúmeras coisas em todas as áreas da minha vida, profissionalmente quis ser bombeiro, astronauta, policial, filósofa, psicóloga, florista, vendedora de livros, escritora de livros, marginal, bandida. Mas não sei bem levar a vida nem vivendo de maneira "normal", quanto mais vida bandida.
Amorosamente, nunca sonhei em constituir casinha com cerca branca, filhos e cachorros no quintal. E não é que eu não tenha tentado isso também, provavelmente terminaria como uma das personagens de Desperate Housewives. O fato é que possivelmente eu tenha tentado me encaixar de todas as maneiras em todas as questões, mas nunca aconteceu, nunca rolou e eu nunca me senti encaixada.
Não sei para onde foi o potencial e a inteligência que falavam. Penso que sobrou apenas o suficiente para as piadas irônicas, as defesas bem armadas, para loucuras consideráveis e para entender que potencial é só mais uma palavra.
Tenho quase 30, mas de uma maneira muito familiar, me sinto uma senhora de 60 anos. Vivi quase todas as emoções, já gargalhei desesperadamente, já chorei insanamente, já mergulhei em todas as neuroses (minhas e dos outros), já fantasiei todas as histórias, realizei quase todas e revisitá-las, ora são fantasticamente boas, ora são feridas, que eu sei, abertas. Tenho inúmeras cicatrizes, no corpo e na alma. Tatuagens para me lembrar de vidas que já tive, máscaras que usei, nomes que eu própria me dei.
Hoje sobrou em mim e comigo uma imensurável vontade de fazer apenas o que eu quero (muita gente não entende, mas já mandei a tal da sociedade à favas também), e o que eu quero são aqueles poucos amigos, mas amigos incríveis, onde existe compreensão, um copo de whisky, uma cervejinha, cigarros, café, livros que me entendam e que seja recíproco, músicas que falem por mim e algumas surpresas.
E realmente, não acho pouco.

domingo, 14 de setembro de 2008

PS: Eu te amo


Com um atraso incrível conferi em DVD, PS: Eu te amo, com Hilary Swank e Gerald Butler e participações de Lisa Kudrow, Kathy Bates e a fofíssima Gina Gershon.
O filme é bem bonitinho, te faz sorrir algumas vezes e te faz chorar dezenas de outras vezes.
Mas depois do filme eu fiquei pensando na observação do título e das cartas que o marido morto deixou para a mulher. Sempre achei que o amor é um daqueles sentimentos soberanos em que não se ousa explicar, não se pretende medir, não se consegue racionalizar e interpretar (não digo com isso que não se possa demonstrar, e isso, quando há amor, deve ser feito a todo o momento).
Mas é que o "Eu te amo" está tão em moda, que é usado corriqueiramente. Gente que nunca amou já disse o tal do eu te amo.
O fato é: Por que apesar de demonstrações explícitas de amor, a gente ainda quer ver escrito em bilhetinhos, recadinhos, cartas e outros registros que podemos acessar?
Tem uma teoria por aí que diz que o Homem é um animal quase que puramente instintivo e que o amor assim como o ódio, por exemplo, são noções criadas de uma sociedade com necessidade de nomear as coisas que não tem nome.
Outra teoria diz que o Homem é um ser carente, já que desde muito cedo é sempre privado de mil coisas que gostaria de fazer e censurado quando faz ou demonstra algo que não é necessariamente bem visto pela tal da sociedade.

Eu poderia dizer que tem mais umas 500 teorias sobre o amor e provavelmente algumas delas fazem sentido. Mas a minha teoria, aquela em que eu acredito é que revisitando dedicatórias e bilhetes apaixonados, a gente revisita o melhor da gente, o sentimento mais gostoso e o mais dilacerante e o mais...
O fato é que em termos de amor nenhuma teoria explica, só as pessoas que sentem é que sabem o poder que ele tem, e são abençoados (com bilhetes ou não).

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Come with me?

São quase quatro da manhã, e eu como de costume acordada com meu café e meu cigarro ouvindo Killers que já não sai mais da minha vitrolinha: All I want... is to be with you. E penso no dia de hoje e nos dias anteriores e estar com você é a grande novidade, a surpresa. E eu achava que queria algo meio Radiohead, meio triste, meio apático tipo no alarms, no surprises. Estava tão enganada...
Quero estar com você, quero a sua companhia, seu colo, sua risada linda, seus telefonemas, porque você já está me acostumando mal e morro de saudades. E eu grito internamente e de alguma maneira você me ouve: come and take a swim with me.
Pensei que não pudesse me encantar mais, estava enganada novamente.
Post meio clichê, meio pateta, meio bobo, mas apaixonadíssimo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Meu encantamento e o texto dela


Impossível não me encantar por ela, porque ela é tão ela, e eu fico meio sem saber o que fazer com o olhar dela e os pedidos para que eu olhe nos seus olhos; só sei que minha respiração fica ofegante como se quisesse dizer que eu não aprendi a olhar muito bem, que meu olhar é tímido, olhar de lado, que faço de conta que não vejo, que aprendi a ter esse olhar meio blasè, meio bobo, meio qualquer coisa que não seja inteiro. E antes de me encantar pessoalmente, ela me manda um texto que escreveu e pede a minha opinião; não sou crítica literária, mas gosto de estórias e eu gosto do jeito que ela escreve, e ela me manda outro texto, e eu continuo gostando, e eu me pergunto se tem como me encantar mais. Vai saber...
E ela me deixa publicar no blog, e esse texto é dela:
"Crianças têm medo. Eu tinha também. Lembro-me como se fosse ainda hoje nós sentados -minha mãe, meus irmãos e eu - em frente a minha casa, na beirada do portão sob a noite. Conversas jogadas na rua, com quem por ali passasse. Falava-se do tempo, que contribuía para estarmos ali sentados debaixo daquela lua comum de interior; falava-se da morte de alguém de longe e de perto; ria-se pouco a vontade; especulava-se pela vida alheia; estórias comuns das cidades pequenas. Mas se alguém perguntava por nós, os filhos, ali já de pijamas agarrados nas pernas de minha mãe, minha avó ia logo falando de um por um e quando chegava em mim, a mais velha, emendava: "essa eu peguei na enchorrada!", e me olhava com olhos de quem ri de mim e brinca comigo, misturando àquele desdém da minha entrada para a família o amor que tinha por mim. Eu sofria muito por pensar que minhas origens estavam naquelas águas sujas que passam rápidas junto da calçada. Imaginava que tempestade havia me trazido. Calava-me e recusava-me perguntar mais sobre essa estória, com medo de minha avó resolver me contar, enfim, toda ela. Mas se, de volta para dentro de casa, eu dormisse antes de ir para o meu quarto, minha avó me carregava até a cama e, acordando durante o trajeto, percebia seus braços de carinho e o amor que me faziam dormir mais tranquila: aquela não poderia ser senão a minha avó. Entendia nesse momento o que ela queria dizer com aquele olhar de quem zomba e se diverte com a inocência da neta. Era jeito de amar divertido. Era jeito de amar com poucas palavras como era o costume de minha avó. Era o jeito de amar às vezes só corrijindo, para a gente ser boa gente quando crescesse... Era o jeito de amar que ela sabia.É o jeito de amar que eu percebo. Crianças têm medo, eu tenho também. Mas sua presença me encoraja."

domingo, 7 de setembro de 2008

Final de semana

Eu queria te dizer tanta coisa: mas na hora eu me enrolo, fico perdida entre pensamentos e palavras.
Estar com você é experiência de amor, de amor verdadeiro, de transe, de paixão, de carinho, carinho, carinho.
Longe-perto você está sempre aqui. Sempre, porque o sempre é logo ali.

O Procurado


Vamos combinar! Embora nunca tenha visto a Angelina Jolie tão linda em um filme (e isso é uma informação deveras significativa) o filme Wanted é um fracasso total.
Roteiro absurdo, efeitos que já vimos em outros filmes e longo, longo...

Mas a Angelina...ai ai ai.