segunda-feira, 29 de setembro de 2008

E há de se continuar vivendo

Só percebi a sua morte quando o vaso se espatifou e quebrou em vários pedaçinhos. E eu me lembrei que quando eu cheguei, era assim que eu me sentia, tão quebrada, tão amputada, que eu achei mesmo que você não era boa o suficiente para dar conta. Mas você era, você era a melhor quando o último minuto se aproximava, e você sorria quando falava a única frase, derradeira, que me deixava em transe, em pedaços maiores, num quebra-cabeças um pouco menos complicado.
Ah, seu sorriso...seu abraço, sua ironia de finíssima qualidade, sua inteligência, seu brilhantismo.
No fundo eu só queria que você me notasse e você me notou, me percebeu, me deu a mão, me estendeu, me ligou, costurou, forneceu, divagou.
Eu era a sua caixinha e você deixou entrar luz, luz essa que eu tento manter acesa pra não morrer novamente, porque respondendo à uma de suas perguntas, eu não quero morrer - não quero te acompanhar nessa sua jornada - quero viver do jeito que você tentou me ensinar.
Obrigada, com os olhos marejados de lágrimas e o peito apertado de saudade.

5 comentários:

Valentina disse...

Eu tive a gratificante oportunidade de ver essa mulher falar naquela palestra em que eu te conheci com a Anna e ouvi-la para quem gosta de Psicologia e para quem sabe diferenciar um profissional robotizado de um humano, foi surpreendente.
Você teve oportunidade maior que essa, de não só ouvi-la falar, mas como sentar num café e conversar com essa mulher de igual pra igual, como amigas.
É realmente lamentável.
Bonito o texto Ma.
Beijo grande.

Anônimo disse...

Lindo o texto, diva.
Muitas saudades de você. O peito parece que vai explodir.

Nina disse...

bonito.
você é a pessoa mais linda do universo.

Anônimo disse...

Sensível,tocante como você !
É um prazer ama-la e um presente ser bem vinda em seu mundo.Bjo cheio de saudade!

Anônimo disse...

Quem morreu Mara?
Detesto essas coisas...