sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Lutador


Por muita relutância deixei de assistir "O Lutador" nos cinemas. Por alguns motivos: Mickey Rourke sempre me pareceu um canastrão, a história me lembrava outros filmes de luta - principalmente os protagonizados por Sylvester Stallone (que foi chamado para interpretar esse filme, antes de Rourke, mas estava ocupado filmando Rocky Balboa), e as mensagens básicas desse tipo de filme são sempre as mesmas: Um lutador é obrigado a encerrar a carreira durante uma luta. Só que ele recebe uma proposta para enfrentar seu grande ex-rival, que pode permitir que retome a dignidade perdida.

Pois bem, aluguei o filme por outros bons motivos: Ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, orçamento pequeno e por consequência, Axl Rose (vocalista dos Guns N' Roses) cedeu uma das músicas de seu grupo sem qualquer tipo de pagamento, assim como Mickey Rourke e Bruce Springsteen não receberam cachê, um pela interpretação e o outro pela canção original indicada ao Oscar. E o maior e melhor dos motivos, o filme é dirigido pelo cineasta Darren Aronofsky, o mesmo de "Pi" e "Requiem para um Sonho".

Um de meus receios foi confirmado; a mensagem do filme é tipicamente a que escrevi acima, mas muitas coisas me surpreenderam, talvez porque não esperava muito dele, a interpretação de Mickey Rourke é realmente incrível, mas a minha intuição é a de que ele não interpretou um personagem, mas a si mesmo. Esquecido pelo cinema americano e desfigurado pelas plásticas, drogas e sabe lá mais o quê, ele é perfeito para o papel (e só de imaginar que o ator Nicolas Cage também foi cogitado, dá um certo alívio por não ter sido escolhido). Marisa Tomei, muito injustiçada também pela indústria cinematográfica, faz uma excelente caracterização, merecendo as indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar. A canção de Springsteen é linda e vale a pena escutá-la muitas vezes e Darren Aronofsky é um bom contador de histórias e um excelente diretor de cinema, fazendo de algumas cenas simples, obras de arte.

"O Lutador" não é um grande filme, mas é um filme que fala e se comunica com o público sobre algo que todos conhecem: a perda da identidade quando deixamos de realizar o que gostamos, e por isso mexe com os sentimentos, sem ser sentimentalóide. Mas do que isso, é um filme sobre injustiçados, os de pouca sorte, ou os de muito azar. História e atores.
Que venham os próximos filmes de Mickey Rourke e Marisa Tomei.
Será que a sorte mudou de lado?

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Pirataria, em alguns casos, é necessária!


Aqui vai um pedido: lancem em DVD alguns títulos cinematográficos que por hora estão perdidos na era VHS. Tá certo, os filmes comerciais alugam-se e vendem-se mais, mas outros tipos de filmes também têm público. O mais recente exemplo é que estava comentando com uma amiga que queria reassistir "A História de Adéle H", de Truffaut da década de 70 e que tem uma interpretação iluminada de Isabelle Adjani (pra variar). Prcuramos no site da Livraria Cultura e não havia disponível - não havia, porque não existe. Essa amiga é persistente e por algum programa que desconheço (nada entendo de computadores), ela passou o filme para um dvd compatível apenas para o notebook.

Não sou a favor de pirataria de nenhum gênero, mas de vez enquando, não tem como não ser diferente, até porque se você quiser assistir alguma pérola um pouco mais antiga (e se for européia, na maioria das vezes), ou espera-se passar na televisão - algum dia, algum ano - ou usa-se da tecnologia existente no momento.
Pedido feito!!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Apoiado

Falando em atrizes, entrevistas, textos e etc., coloco o link de textos (muito bem escritos) pela atriz brasileira Carolina Ferraz.

terça-feira, 19 de maio de 2009

So boring...

E não é que o chato do Lars Von Trier está de volta!! Tá lá em Cannes divulgando seu novo filme, "O Anticristo" e proclamando à todos os jornalistas - que odiaram o filme - que é o melhor cineasta do mundo (exatamente com essas palavras).
Pegando como exemplo seus filmes anteriores: "Dançando no Escuro" e "Dogville", fica claríssimo que o diretor precisa tanto de aulas de cinema quanto de humildade e boas maneiras.
Falando em pessoas humildes, no Caderno Mais do jornal Folha de São Paulo aparece a ilustríssima Fernanda Montenegro informando que na Europa ela só trabalharia com Antonioni e nos Estados Unidos, com Kubrick e Altman. E que atualmente só há um grande diretor de cinema: Pedro Almodovar.
Pois eu acho que atualmente há muitas grandes atrizes espalhadas pelo mundo, e que ela não está entre elas.
Quanta prepotência...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Perfect


Algumas vezes uma sensação de inquietude me vem, e ontem ouvindo uma música, percebi que talvez muitos dos meus problemas venham exatamente da impotência de ser quem os outros querem que eu seja ou da minha tristeza de não ser quem eu gostaria de ser.

Sometimes is never quite enough
If you're flawless, then you'll win my love
Don't forget to win first place
Don't forget to keep that smile on your face
Be a good boy
Try a little harder
You've got to measure up
And make me prouder
How long before you screw it up
How many times do I have to tell you to hurry up
With everything I do for you
The least you can do is keep quiet
Be a good girl
You've gotta try a little harder
That simply wasn't good enough
To make us proud
I'll live through you
I'll make you what I never was
If you're the best, then maybe so am I
Compared to him compared to her
I'm doing this for your own damn good
You'll make up for what I blew
What's the problem...
why are you crying?
Be a good boy
Push a little farther now
That wasn't fast enough
To make us happy
We'll love you just the way you are if you're perfect
(Alanis Morissette - Perfect)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Eastwood, Contardo e a Intolerância


Difícil imaginar o cinema norte-americano hoje sem a figura marcante de Clint Eastwood. Em meados de fevereiro postei nesse blog minha visão da parceria entre ele e Angelina Jolie em "A Troca" e retorno a falar dele em esse seu último filme: Gran Torino.

Gran Torino é filmado com uma simplicidade enxuta que traduz perfeitamente a brutalidade da intolerância. Eastwood faz o papel de Walt Kowalski, um veterano de guerra que depois da morte da mulher, vive metodicamente seus dias, e seus dias consistem basicamente em manter a sua casa organizada, cortar o cabelo, beber a sua cerveja e lavar e cuidar de seu maior bem: um Gran Torino 1972. O carro é coadjuvante e metafórico, ele é o único resquício de uma época que não existe mais. Um país prosperando, com uma forte indústria automobilística e sem imigrantes espalhados por todos os cantos.
Como se adaptar ao dias atuais? Ou se vira um eremita, ou aceita-se a multiplicidade ou morre-se ou mata-se pela intolerância pêlos que são diferentes.

Estou lendo o livro do psicanalista Contardo Calligaris, "Quinta-Coluna", em que em uma de suas crônicas ele fala do Engenho de Dentro, um bairro antigo na zona norte do Rio de Janeiro, onde um Honda Fit foi abandonado com uma cabeça sobre o capô e os corpos de dois jovens negros retalhados a machadadas, no interior do veículo. A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça dos corpos. Contardo conclui dessa maneira: "Uma vez fechada a porta de sua casa, eles consideravam (e constatavam) que o espaço urbano pertencia a um povo que não tinha nada a ver com eles, um povo de drogados, bêbados, miseráveis e criminosos. Quem circulava naquele espaço não fazia parte de sua comunidade, são cadáveres do tráfico, destinados a intimidar drogados que não pagam suas dívidas. Nada a ver com a gente. Podemos festejar, pois os mortos são de uma outra tribo, uma tribo inimiga".
O fato é, que acreditamos nisso para que possamos viver melhor, sem culpa pela morte das pessoas que "não são parecidas" com a gente. Só que se a indiferença e a intolerância persistirem, ainda veremos por muito tempo corpos mutilados pelas ruas afora, meninos que invadem escolas com metralhadoras matando professores e alunos e massacres em geral ( e qualquer dia desses, nós podemos ser os "diferentes").

Clint mostra o carro, ele ainda está lá, mas ele significa algo que já não existe mais. E a pergunta é: O que faremos com o carro? O que fazemos diariamente com o simbólico que já não significa mais nada?

domingo, 3 de maio de 2009

Em resumo...

...que a gente possa, nesses dias, continuar sonhando, para que no futuro próximo, possamos viver nosso sonho. Talvez fique mais leve, menos duro viver agora, lutando para o amanhã ser melhor. Por você, pra você, com você.