O e-mail abaixo que recebi de um tio, coloco na íntegra, para falar a respeito dele depois.
E-MAIL:
Psicóloga x Cazuza!
Esta mensagem precisa ser retransmitida para todas as FAMÍLIAS
Uma psicóloga que escreveu, corajosamente algumas verdades.
Uma psicóloga que assistiu o filme Cazuza escreveu o seguinte texto:
'Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa
estarrecedora . As pessoas estão cultivando ídolos errados..
Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza?
Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um
marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.
Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à
margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir
(ao menos eu) com conceitos de certo e errado.
No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que
nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos.
A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai
preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr
solta.
São esses pais que devemos ter como exemplo?
Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma
grande gravadora.
Existem vários talentos que não são revelados por falta
de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante.
Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro,
admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso.
Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença
entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e
outro não.
Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz,
principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei
conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas,
participar de bacanais, beber até cair e outras coisas, fossem certas,
já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente
importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão
transviada? Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?
Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever
nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.
Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi
consequência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza
teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissesem NÃO
quando necessário?
Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor .
Não deixem seus filhos à revelia para que não
precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é
educar.. Não se preocupem em ser 'amigo' de seus filhos.
Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa
que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois
amigo não diz SIM sempre.'
Karla Christine
Psicóloga Clínica
Leu ?
Concorda com a psicóloga?
Então faça sua parte divulgue.
Fiquei sabendo, depois de dar uma procurada na internet que esse e-mail também foi repassado como se fosse de uma mãe e um pai transtornados por seu filho ter assistido o filme sobre Cazuza. Não sei se deveria perder o meu tempo divagando sobre esse assunto, mas como já disse Clarice Lispector (a quem Cazuza admirava): "O que obviamente não presta sempre me interessou muito".
Se a pessoa que escreveu esse e-mail realmente for psicóloga, seu Conselho Federal de Psicologia deveria ser cassado. Como psicóloga sei qual é o código de ética da categoria. Preconceito na nossa profissão é "crime". E o que ela escreve é um monte de conceitos não fundamentados, e se fundamentados, apenas com as suas crenças pessoais e não como categoria, logo, ela deveria ter escrito como uma cidadã e não como psicóloga.
Na Psicologia não há o certo e nem o errado, há a subjetividade humana e com ela derivações sem fim. O psicólogo assim como qualquer cidadão de bem deve ensinar, educar e fazer com que as pessoas pensem por si mesmas, que elas próprias descubram o que elas procuram.
A pessoa se refere à Cazuza como uma personalidade desregrada. Será que com isso ela quis dizer também que era desregrada porque Cazuza era homossexual, usava drogas e era portador do vírus da AIDS? Acho que ela não quis pegar mais pesado do que pegou, então essa parte ficou só nas entrelinhas...(aposto que os pastores das igrejas evangélicas adoraram seu e-mail - só faltou dizer que ele morreu porque merecia). Pois bem, cito alguns nomes - só alguns - de personalidades desregradas: Janis Joplin, David Bowie, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Mick Jagger, Salvador Dalì, Jim Morrisson, Marlon Brando, James Dean, Paul Verlaine, Amy Winehouse.
Se eu tivesse filhos, diria a eles para enaltecer e cultuar essas pessoas, porque à margem da sociedade, elas fizeram a sociedade inteira pensar, amar, dançar, se deslumbrar, e mais do que isso, sonhar. Não há vida mais injusta do que aquela que não há sonho.
Pais deveriam se revoltar com filhos dia e noite na frente de um computador, celebrando ídolos torpes, passageiros, em resumo, lixos, como uma Xuxa que tem 50 anos, mas se comporta como uma garota de 15, Sandys e Juniors que em nada acrescentam, funks das bundinhas, tudo sem o menor conteúdo.
E como cansei de gastar meu verbo, cito agora a jornalista e escritora Martha Medeiros, sobre o mesmo e-mail:
Esta mensagem precisa ser retransmitida para todas as FAMÍLIAS
Uma psicóloga que escreveu, corajosamente algumas verdades.
Uma psicóloga que assistiu o filme Cazuza escreveu o seguinte texto:
'Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa
estarrecedora . As pessoas estão cultivando ídolos errados..
Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza?
Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um
marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.
Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à
margem da sociedade, pelo menos uma sociedade que tentamos construir
(ao menos eu) com conceitos de certo e errado.
No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que
nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos.
A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai
preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr
solta.
São esses pais que devemos ter como exemplo?
Cazuza só começou a gravar porque o pai era diretor de uma
grande gravadora.
Existem vários talentos que não são revelados por falta
de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante.
Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro,
admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso.
Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença
entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e
outro não.
Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz,
principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei
conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas,
participar de bacanais, beber até cair e outras coisas, fossem certas,
já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente
importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão
transviada? Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?
Como ensina o comercial da Fiat, precisamos rever
nossos conceitos, só assim teremos um mundo melhor.
Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi
consequência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza
teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissesem NÃO
quando necessário?
Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor .
Não deixem seus filhos à revelia para que não
precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é
educar.. Não se preocupem em ser 'amigo' de seus filhos.
Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa
que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois
amigo não diz SIM sempre.'
Karla Christine
Psicóloga Clínica
Leu ?
Concorda com a psicóloga?
Então faça sua parte divulgue.
Fiquei sabendo, depois de dar uma procurada na internet que esse e-mail também foi repassado como se fosse de uma mãe e um pai transtornados por seu filho ter assistido o filme sobre Cazuza. Não sei se deveria perder o meu tempo divagando sobre esse assunto, mas como já disse Clarice Lispector (a quem Cazuza admirava): "O que obviamente não presta sempre me interessou muito".
Se a pessoa que escreveu esse e-mail realmente for psicóloga, seu Conselho Federal de Psicologia deveria ser cassado. Como psicóloga sei qual é o código de ética da categoria. Preconceito na nossa profissão é "crime". E o que ela escreve é um monte de conceitos não fundamentados, e se fundamentados, apenas com as suas crenças pessoais e não como categoria, logo, ela deveria ter escrito como uma cidadã e não como psicóloga.
Na Psicologia não há o certo e nem o errado, há a subjetividade humana e com ela derivações sem fim. O psicólogo assim como qualquer cidadão de bem deve ensinar, educar e fazer com que as pessoas pensem por si mesmas, que elas próprias descubram o que elas procuram.
A pessoa se refere à Cazuza como uma personalidade desregrada. Será que com isso ela quis dizer também que era desregrada porque Cazuza era homossexual, usava drogas e era portador do vírus da AIDS? Acho que ela não quis pegar mais pesado do que pegou, então essa parte ficou só nas entrelinhas...(aposto que os pastores das igrejas evangélicas adoraram seu e-mail - só faltou dizer que ele morreu porque merecia). Pois bem, cito alguns nomes - só alguns - de personalidades desregradas: Janis Joplin, David Bowie, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Mick Jagger, Salvador Dalì, Jim Morrisson, Marlon Brando, James Dean, Paul Verlaine, Amy Winehouse.
Se eu tivesse filhos, diria a eles para enaltecer e cultuar essas pessoas, porque à margem da sociedade, elas fizeram a sociedade inteira pensar, amar, dançar, se deslumbrar, e mais do que isso, sonhar. Não há vida mais injusta do que aquela que não há sonho.
Pais deveriam se revoltar com filhos dia e noite na frente de um computador, celebrando ídolos torpes, passageiros, em resumo, lixos, como uma Xuxa que tem 50 anos, mas se comporta como uma garota de 15, Sandys e Juniors que em nada acrescentam, funks das bundinhas, tudo sem o menor conteúdo.
E como cansei de gastar meu verbo, cito agora a jornalista e escritora Martha Medeiros, sobre o mesmo e-mail:
"Não há razão pra temer os desiguais. O autor anônimo do texto diz, a certa altura, que ficou horrorizado porque sua filha assistiu o filme e foi preciso conversar muito com ela para explicar que usar drogas, beber até cair e participar de bacanais não são coisas certas. Concordo que não é um estilo de vida dos mais saudáveis, porém entre o certo e o errado há muitas outras coisas, com dizia o próprio Cazuza, e não podemos fingir que o mundo é composto apenas de super-heróis imunes a fraquezas, a curiosidades e a ímpetos que nem sempre estão dentro dos padrões.
O que importa na vida de um artista é sua arte, é o que ele deixa de legado. Biografias, filmadas ou escritas, servem apenas para entender a época em que ele viveu, quais eram seus conflitos, qual a fonte de sua inquietação. Ao se contar uma história de vida, seja ela qual for, humaniza-se o personagem. Será que foi essa explicação que a menina adolescente recebeu depois de assistir o filme, ou será que ela recebeu uma bela lição de maquineísmo? Meu caro anônimo, há muitas formas de se ministrar uma educação errônea. Citar Cazuza como ídolo inadequado é de uma miopia desoladora. O que dizer de vários ídolos pré-fabricados que nada acrescentam artisticamente, que não emocionam nem instigam, apenas vendem sandalinhas? Deixemos os artistas, os verdadeiros, os realmente inspirados, experimentem a desobediência, testem seus próprios limites, busquem a vida nos buracos sujos onde ela se esconde. Todos aqueles que pintam, dançam, cantam, escrevem, e atuam com as veias saltadas, com sangue quente, com a alma aos gritos, estão na verdade ajudando a revelar a nós mesmos, cidadãos acima de qualquer suspeita".
E pra terminar, como dizia o poeta: "Todo amor que houver nessa vida pra vocês".
O que importa na vida de um artista é sua arte, é o que ele deixa de legado. Biografias, filmadas ou escritas, servem apenas para entender a época em que ele viveu, quais eram seus conflitos, qual a fonte de sua inquietação. Ao se contar uma história de vida, seja ela qual for, humaniza-se o personagem. Será que foi essa explicação que a menina adolescente recebeu depois de assistir o filme, ou será que ela recebeu uma bela lição de maquineísmo? Meu caro anônimo, há muitas formas de se ministrar uma educação errônea. Citar Cazuza como ídolo inadequado é de uma miopia desoladora. O que dizer de vários ídolos pré-fabricados que nada acrescentam artisticamente, que não emocionam nem instigam, apenas vendem sandalinhas? Deixemos os artistas, os verdadeiros, os realmente inspirados, experimentem a desobediência, testem seus próprios limites, busquem a vida nos buracos sujos onde ela se esconde. Todos aqueles que pintam, dançam, cantam, escrevem, e atuam com as veias saltadas, com sangue quente, com a alma aos gritos, estão na verdade ajudando a revelar a nós mesmos, cidadãos acima de qualquer suspeita".
E pra terminar, como dizia o poeta: "Todo amor que houver nessa vida pra vocês".