domingo, 29 de novembro de 2009

Soon...

Eu estou sem internet temporariamente, mas já já volto...
Beijos para quem é de beijo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Kate Moss e o inferno dos outros


Quando abri a página principal da UOL, estampava (e embelezava) uma das notícias, a foto da modelo britânica Kate Moss, com o título: "Polêmica: não há 'nada melhor do que se sentir magra', diz a modelo Kate Moss".
Pensei: mais uma besteira envolvendo a privacidade de uma celebridade. Aí é que está, será mesmo besteira? Porque depois dessa declaração para uma publicação de moda, ela foi acusada de promover a anorexia entre os jovens. (Mais uma vez os holofotes estão focando a modelo pelo seu estilo de vida nada regrado).

A reportagem da UOL destaca: "Estas declarações indignaram os membros da campanha contra o culto à magreza no Reino Unido, que qualificaram de 'chocante' e 'irresponsável' a atitude da modelo britânica, afirma hoje o jornal sensacionalista 'The Sun'." A reportagem ainda destaca: "Segundo Deanne Jade, do Centro Nacional para Transtornos Alimentares (NCFED, em inglês) do Reino Unido, o fato de Moss ser a imagem da marca de roupas Topshop "a transformou em um ícone para milhões de mulheres e jovens", e por isso a importância de suas palavras."

Começo pelo óbvio, a etimologia da palavra "Ícone" que tanta gente usa de maneira inadequada e errada (eu mesma já usei). Definição pelo dicionário Michaelis: í.co.ne
sm (gr eikón, ónos) 1 Quadro, estátua ou qualquer imagem que, na Igreja Ortodoxa, representa Cristo, a Virgem, ou um santo. 2 Na Rússia, Romênia, Sérvia e Grécia, designava uma pintura executada sobre madeira representando uma imagem religiosa. Í. de grupo, Inform: numa GUI, ícone representando uma janela que contém uma coleção de ícones de arquivos ou programas. Í. de programa, Inform: numa GUI, ícone que representa um arquivo de programa executável.

Muito bem, se Moss não pretende uma indicação à canonização pela Igreja Católica e presumindo que ela não é um programa de computador, Kate Moss NÃO é ícone de nada. Podemos alterar a palavra e dizer que ela é representativa no mundo da moda, afinal é a modelo mais conhecida do mundo. E afinal o que é o mundo da moda? Pessoas obesas? Calça fashion tamanho 46? "Pessoas comuns" estampando capas de revista?
O mundo da moda é representativo e alude à algo: ao ideal. Logo, o ideal é o que costumamos ver nas passarelas ou em publicações de moda: mulheres magérrimas e belas (não leiam com isso, que elas só são belas porque são magras).

Com tudo isso só quero chegar que Kate Moss pode afirmar o que ela quiser que não vai desencadear sozinha um culto à magreza nem o incentivo à anorexia, porque ela é o "ideal", assim como o nosso namorado dos sonhos, o emprego que não é nosso, a vida de novela dos outros. Por isso, casamentos acabam, pessoas são demitidas e as pessoas são infelizes - com anorexia ou não - porque o ideal nunca vai ser o real e o ideal é nosso, mas é fácil atribuir aos outros o nosso inferno. Já dizia Sartre...



domingo, 15 de novembro de 2009

Cansada dos pseudo-geniais


Não entendo e acho que não conseguirei entender nunca quem diz que Carlos Drummond de Andrade é um grande poeta. Acho um chato. E dei chances à ele, retornei a ler sua "Antologia Poética", um livro que reune quase 200 poesias do poeta mineiro. Se desses 200 poemas, 10 me tocaram, foi muito.
Me pergunto se as pessoas acham o cara bom mesmo ou se porque ouvem as outras dizerem que ele é bom, complementam sem saber quase nada do que ele escreveu. Fico inclinada a achar que é a segunda opção.

Ganhei um livro publicado pelo SESC sobre os melhores filmes de 2008. Um dos filmes nacionais mencionados era "Via Láctea". Acabei alugando, porque sempre parava diante dele mas por algum motivo não locava. Devia ter mantido na estante da locadora. Do filme, sem nexo, sem sentimento, sem roteiro, sem pé nem cabeça, só sobra a beleza e o talento de Alice Braga. Se for assim, confiram a bonitinha em outros filmes muito mais interessantes.
O mesmo deve acontecer com o filme dirigido por Selton Mello, "Feliz Natal": que fique nas prateleiras e não dentro dos aparelhos de DVD.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Caso Uniban

Há uma contradição sobre um assunto em mim neste momento, se por um lado eu não aguento mais que a mídia fale da estudante que, ora foi expulsa, ora foi readmitida na Uniban, por outro, acredito ser justa a polêmica.
Não vou divagar sobre o assunto, apenas deixar algumas observações que para mim são óbvias.

Reelembro um cenário, e esse cenário foi filmado em 1989. O filme chama-se "Acusados", o primeiro filme de destaque da estupenda atriz, Jodie Foster. Eis o cenário: Uma moça vai desacompanhada à um bar, começa a beber, começa a dançar, sua vestimenta é constituída por um vestido curto, e ela provoca alguns rapazes do bar, dança com eles, bebe com eles, conversa com eles, se insinua pra eles. Eles por sua vez, a estupram.
Está instaurado o direito Constitucional de ir e vir, e de liberdade de expressão e ação, mas durante o filme, a garota passa de vítima à algoz, os advogados dos rapazes que a estupraram defendem que, pela maneira de se comportar, ela "pediu" o estupro.

Parece brincadeira, mas como as coisas caminham, não é.
As mulheres lutaram tanto para assumir o controle de suas vidas, antes mesmo do movimento feminista, e alcançaram muitas conquistas, mas o homem ainda continua enxergando as mulheres como símbolos sexuais, corpos a serem descobertos, ou mulheres, que desesperadamente procuram por um homem para se sentirem completas.

Será que ir à um bar sozinha e se insinuar para alguns homens com um vestido curto, ou, frequentar uma faculdade, se insinuando para alguns estudantes com um vestido curto, dá ao homem o direito de ser a vítima e a mulher a algoz?
Ouvi alguns representantes da Universidade dizendo que a vestimenta da estudante era inapropriada para um meio acadêmico. Qual seria, fico me perguntando, a roupa apropriada.

E em todas as colocações, em todas as suposições e versões sobre o acontecimento, só há uma resposta: Ninguém em lugar nenhum tem o direito de acuar, humilhar, desrespeitar, estuprar outro ser humano. E nada do que me digam ao contrário pode ou fará com que eu mude de idéia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Surpresas da França ou de qualquer lugar do mundo


No ano da França no Brasil, muitos eventos têm ocorrido, e digo com honestidade que não frequentei muitos além de assistir uma banda de jazz e soul no Parque Ibirapuera e ontem no SESC, na mostra de cinema contemporâneo francês.

Com filmes obscuros de diretores desconhecidos - pelo menos do grande público, fui conferir "Assassinas", (Meutrières), de 2005, drama do diretor Patrice Grandperret. Já retirei convites para sexta-feira próxima para o filme "Até Já", (A Tout de Suite) de Benoit Jacquot, do ano de 2004.

Algumas coisas me chamaram atenção. Primeiramente o filme em si: de altíssima qualidade, com roteiro e interpretações grandiosas - levando em conta a pouca grana para a realização do projeto - de um drama com pitadas de humor (que não deixam de ser negro).
Eis a sinopse: Nina e Lizzy, são duas jovens normais e um pouco frágeis que se encontram em um hospital psiquiátrico. Entre elas, uma identificação imediata: juntas elas são fortes, eufóricas. Sem muita sorte, nem muito dinheiro, elas têm apenas seus sonhos, e sua amizade.
Assombroso, sombrio e triste, o filme narra as escolhas feitas por aquelas pessoas, que já citei aqui, que vivem à margem da sociedade. Escolhas não muito acertadas, que em sua maioria, acabam em tragédia, mas as únicas opções num mundo hostil.

Outras coisas que despertaram minha curiosidade: a mostra de cinema é gratuita, o auditório do SESC possui 126 lugares, e se haviam 30 pessoas no lugar era muito. Algumas conclusões são fáceis de chegar: o cinema francês, assim como o europeu em geral, é mais lento, têm roteiros mais pausados, mais focados nas expressões de seus atores e nas locações escolhidas. E muitas vezes os diálogos não são longos. Para as pessoas acostumadas com o frenesi causado pelos filmes norte-americanos de ação, os franceses são quase insuportáveis. Diria que é quase como a vida contemporânea que levamos, uma agitação frenética, uma corrida contra o tempo, pressão sofrida para a obtenção de resultados, diálogos para esconder o silêncio perturbador. Nossa vida não têm pausa, não tem companhia silenciosa.

Me recordo agora de conversar com meu primo sobre animações infanto-juvenis. Ele gostou de quase tudo que assistiu. E eles são quase irresistíveis mesmo: "Vida de Inseto", "Procurando Nemo", "A Era do Gelo", e outros tantos, mas ele se negou à assistir a animação francesa - uma das melhores na minha opinião - "As Bicicletas de Belleville". Por que? Neste caso, diria que basicamente por preconceito.

E a última observação: conheço pessoas que estão sempre reclamando da falta de vida cultural, e concordo que há épocas do ano em que ela é realmente fraca. Mas ontem, hoje e sábado a mostra é gratuita, o SESC é popular, logo não vai quem não quer. Já imagino as filas lotadas do Cinemark, e vi os bares amontoados de gente enquanto ia ao cinema.

Conclusão: Algumas pessoas já me indicaram muitos filmes ditos "clássicos", e eu não gostei. Mas não fiz ressalvas porque eles eram franceses, italianos ou chineses. Dei e sempre dou uma segunda chance e com isso já tive inúmeras surpresas positivas, encantadoras, arrebatadoras...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Nossos mortos e nosso morrer

Assim como a maioria dos feriados, esse, dia de finados, pra mim é de um simbolismo meio (pra não dizer inteiro) bobo.
Hoje a maioria das pessoas estavam comomorando o fato de não terem que ir trabalhar, seja na cidade ou na praia entupida com um sol de 40 graus na cabeça. Alguns outros, poucos, visitaram cemitérios para se "lembrarem" daqueles que morreram.
Na minha modesta opinião, não precisamos de feriado decretado para lembrarmos daqueles que não estão mais com a gente. Se essas pessoas eram realmente importantes e significavam algo de muito concreto em nossas vidas, é normal que se pense nelas durante muitos dias e em muitos momentos do ano. Alguns dos nossos mortos, viram fantasmas que nos perseguem durante toda a vida - para o bem ou para o mal.

Na semana que passou estava assistindo algum programa tosco que a programação aberta nos oferece, e lembro de ter ouvido que as pessoas não pensam na morte, que elas estão tão consumistas, tão individualistas, e etc, que não conseguem parar para pensar em sua própria finitude. Pois bem, essa é uma das grandes asneiras que eu já ouvi na vida. Não precisa ser psicanalista pra conceber que as pessoas pensam na morte todo o tempo. Se não pensam diretamente, sonham ou se deparam com ela a maioria do tempo, e uma das razões para que uma pessoa se torne uma consumista de carteirinha, é exatamente saber que vai morrer. "Se vou morrer, vou aproveitar o que o dinheiro pode me proporcionar enquanto estou viva". Quando eu ainda clinicava, lembro de uma senhora que eu atendi que disse que estava planejando uma viagem para a Europa, não pelo simples fato de conhecer a Europa, mas pelo medo de morrer sem ter conhecido um continente que "todo mundo fala bem".
Então a gente se desdobra em 10 pessoas ao mesmo tempo: fazemos cursos, de pintura, cerâmica, artesanato, aulas de ginástica, ioga, musculação, tentamos aprender outros idiomas, vamos ao shopping tostar o salário que acabamos de ganhar, combinamos mil eventos, café com a fulana, jantar com a cicrana, passeio com o joão mané. Tudo, absolutamente tudo para que possamos esquecer que em nossa vida vai ter um letreiro: "The End"

Então, sim, acho uma baboseira um feriado de finados. Acho que deveríamos ter um feriado para celebrar a vida, essa meio em trancos e barrancos, mas que é nossa. Porque deixar de pensar na finitude, ah, isso não dá não!

Obs: falando em mortos, Fabiana, amanhã faz 10 anos que você saiu de casa e nunca mais voltou. Eu penso em você todos os dias desses 10 anos. Te amo, você faz falta.