quarta-feira, 28 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Nova sensação: Paula Parisot
A Editora Leya está cada vez me surpreendendo mais! Dessa vez foi o livro da queridinha e protegida de Rubem Fonseca: Paula Parisot, "Gonzos e Parafusos". O texto não chega a 200 páginas mas é denso, mordaz e utiliza de muito humor negro. Não é um livro difícil nem tampouco fácil: é dolorido.
A psicanalista Isabela, assim como muitas analistas, é um ser machucado. Através de uma narrativa em primeira pessoa, Isabela fala de sua infância, seus pais, seus avós e seus poucos amigos e quase nenhum romance da vida adulta. A psicanalista do livro tenta se matar por duas vezes sem êxito. Não tem alegria de viver, nem muita vontade de morrer. Sobrevive aos dias, ao tédio, à vida burocrática, ao trabalho que nem sempre é grandioso e vive a loucura "normal" dos dias atuais: A falta de perspectiva, o receio da idade, o tempo que passa sem nenhum conquista valiosa, o peso da culpa, de remorsos, de tristeza, de perdas...
Paula Parisot chegou a publicar um livro de contos pela Companhia das Letras, chamado: "A Dama da Solidão", mas foi com esse trabalho atual que chamou atenção dos leitores e de grandes figurões. Não é pra menos. A autora escreve com traços clássicos uma história atualíssima e que dificilmente o leitor não se identifica.
Mas sejamos honestos: Parisot não é pra qualquer um. Ela cita determinadas coisas que só uma pessoa com uma certa bagagem cultural consegue absorver, por exemplo, as obras do pintor Gustav Klimt e de Egon Schiele e algumas pinceladas da teoria freudiana. Mas mesmo assim, ela consegue ser popular ao descrever sentimentos universais que tocam todos sem necessariamente nenhuma bagagem intelectual. O problema é que essas pessoas não perdem e não vão perder seu tempo comprando uma obra de uma escritora pouco conhecida. As pessoas já não têm o hábito de ler, e quando isso acontece, procuram logo a lista dos mais vendidos.
Um lado meu fica feliz. Não é todo mundo que merece uma escrita primorosa, bem cuidada e com segurança, são poucos os destinados a lerem algo do tipo de "Gonzos e Parafusos", pois Paula permanece com uma linguagem popular, mas de jeito nenhum é uma escritora pop. E que seja assim!
"Como disse Freud: A vida se empobrece e perde interesse quando a maior ficha do jogo da vida, a própria vida, não pode ser posta em risco.Por favor, não me critiquem dizendo que uso e abuso de citações freudianas. O que posso fazer? A verdade é: Freud nunca é demais." Pag 108.
Melhor ainda, se o livro for lido ao som de um jazz, a dica fica por conta de Charlie Rouse e seu cd, "epistrophy".
Obs: a imagem anexada nesse post é de Paula em uma de suas performances (ela também é performática) para divulgação do livro ao lado de Rubem Fonseca.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Criação
O longa conta a história e o drama do cientista Charles Darwin. E mostra quase que didaticamente a teoria que abalou o mundo das idéias há mais de 150 anos.
Darwin escreveu "A Origem das Espécies", em 1859 em uma Inglaterra vitoriana e crente em Deus. Mas o filme não mostra apenas o dilema do cientista em publicar o estudo em que "mata deus", mas os dilemas familiares: a perda da filha de 10 anos, a religiosidade de sua mulher, vivida nada mais nada menos por Jennifer Connelly, e sua saúde precária.
O filme não é sensacional, nem fica perto disso, mas tem uma interpretação poderosa de Paul Bettany, uma direção de arte bem feita, e uma história que prende não só os amantes da teoria darwniana, mas também os leigos (atrás de mim no cinema, o homem pergunta para mulher ao seu lado: do que se trata esse filme? - resposta: sobre a vida de Darwin - outra pergunta: quem é Darwin?) Se não fosse triste, seria cômico.
E para o mesmo anônimo que me perguntou porquê Jennifer Connelly era uma das maiores atrizes vivas, taí uma boa resposta: assista ao filme e perceba que mesmo fazendo um papel "menor", ela se destaca em cada fala, em cada expressão facial e corporal. Alem de ser bela, belíssima, de morrer e de viver.
Bora para os cinemas...
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Informações importantíssimas (e rápidas)
Se não bastasse, agora a Igreja Católica vem afirmar que a pedofilia é originária da homossexulidade. Hum...nunca estudei isso na faculdade de Psicologia ou na pós-graduação em Psicanálise, mas claro, eu estou errada e a Igreja em sua grandiosidade e gente de bem é que está certa.
O presidente Lula foi pousar ao lado dos sobreviventes do Haiti, mas não deu as caras em Niterói. Mas não vamos ser injustos com o presidente. É que a foto de lá veincula mais do que aqui.
Nas próximas eleições temos candidatos importantíssimos: Tati Quebra-Barraco e Ronaldo Ésper (aquele mesmo que arrombou cemitérios). Boa votação para todos.
Quando a gente acha que não dá pra piorar, caímos num buraco ainda mais fundo...
segunda-feira, 12 de abril de 2010
O fenômeno dismitificado
Nesse final de semana eu resolvi alugar "Crepúsculo" e "Lua Nova" para tentar entender o porquê de tanto frenesi dos adolescentes em relação, tanto aos filmes quanto dos livros. Acho que entendi um pouco...
Nem de longe, nenhum dos dois filmes me cativou. Achei a história, os atores e até os efeitos especiais, ruins, por isso, ler os livros, está fora de cogitação. Até porque quem tem um pouco mais de idade e já assistiu há muitos filmes e uma porção sobre vampiros e lobisomens, sabe que existem muitos destes filmes que são superiores. O meu preferido continua sendo, "Drácula de Bram Stoker", com o incrível Gary Oldman no papel principal. Mas o interessante é realmente analisar o interesse dos jovens pela saga e o interesse não advém apenas de ser uma história sobre vampiros e lobisomens, aliás, isso é o de menos.
Quem tem adolescentes por perto ou convive com eles diariamente sabe da dificuldade existencial que eles passam. Continuam crianças ou são "quase" adultos? Ao que eles têm direito? Quais são seus deveres?
Os filmes narram principalmente a vida de uma humana e não de um vampiro ou lobisomem, e é nessa humana que muitos adolescentes se espelham. Uma adolescente que tem os mesmos problemas que todos os outros: pais divorciados, problemas de adaptação em casa ou num ambiente escolar, falta de amigos, solidão, falta de confiança nos pais e etc. E Isabela, a protagonista, apesar dos problemas comuns e naturais dessa idade, é destemida, forte, eloquente, inteligente e acima de tudo, sabe o que quer. Ela sabe o que a maioria dos adolescentes de hoje não sabem. Ela sabe o que quer da vida apesar dos medos que decorrem de suas escolhas. Ela é a heroína e a principal personagem, justamente porque escolhe.
Além disso, é curioso constatar que os filmes chegam a ser melosos, de tão românticos. Mas uma vez, não trata-se de um enredo sobre seres espetaculares e heróicos (no sentido sobrenatural), mas dos amores adolescentes. Na vida de uma adolescente de mais ou menos 15 anos, quem é o garoto bonzinho, ou o bad boy atraente? Em qual dos meninos da escola confiar para dar o primeiro beijo? Aqui, enfatizo, beijo, e não sexo, porque o filme é romântico, mas é assexuado.
Engana-se quem pensa que essa garotada desenfreada, em sua maioria são pessoas que querem ser "desviantes", desrespeitosos, mal educados. Eles querem a independência e por isso usam um arsenal de armas para que todos ao seu redor pensem exatamente que eles são difíceis. Mas não são. No fundo, o que eles querem é aquele amor romântico de centenas de anos atrás. Aquele mesmo da Cinderela ou de qualquer conto de fada. Eles querem se apaixonar loucamente e confiar plenamente nesse outro para poderem se entregar "de corpo e alma". E é exatamente isso que eles vêem nos filmes: uma entrega apaixonada de duas pessoas (aqui, pode retirar o fato de um deles ser vampiro), o vampiro é o conto de fada que se transforma no homem (menino, ou garoto) ideal.
"Crepúsculo" e "Lua Nova", enfim, servem para alguma coisa e os pais devem assisti-los para, exatamente, dismitificar seus filhos como seres irrresponsáveis e sem rumo. Eles têm rumo, só não encontraram o rumo a ser escolhido. Esses adolescentes amam e querem ser amados, e por terem dificuldade que isso aconteça (porque são sonhos e não a realidade), é que se portam, muitas vezes, de maneira irada e irresponsável. Querem ser notados.
Fora isso, a saga Crepúsculo não oferece mais nada. Mas não é pouco, diga-se de passagem.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Lie to Me e a ciência
"Lie to Me" (aqui no Brasil, com o título horroroso de "Engana-me se puder") não é só um seriado norte americano interessante, ele parte de uma premissa viável e que chama atenção de qualquer pessoa: como detectar que o outro está mentindo? Pergunta fácil para o Dr. Cal Lightman (Tim Rooth), especialista em ler as expressões faciais e a linguagem corporal.
Estudos psicólogicos, psiquiátricos e neurológicos apontam que é possivel tal vertente de credibilidade. Juntos com biólogos, os especialistas chegaram à conclusão que as emoções humanas e a forma de expressá-las são inatas e universais. Em outras palavras: alegria, dor, raiva, nojo, vergonha, irritabilidade e outras emoções são mostradas pelas faces e corpos das pessoas da mesma maneira, sendo elas, crianças, adultos, idosos, brancos, negros, índios, praticantes de qualquer religião ou de qualquer parte do mundo.
A expressão facial da culpa é a das mais interessantes e mais fáceis de se detectar, é só olhar para as faces do ex jogador O.J. Simpson e do ex presidente George W. Bush. Mas as vezes essas expressões são tão rápidas que o locutor ou observador não conseguem identificar. Muitas vezes é necessário equipamentos de câmera para monitorar o que os cientistas chamam de "microexpressões".
Na série televisiva criada pelos mesmos produtores de "24 Horas", como em qualquer série de investigação policial, as coisas parecem mais simples do que de fato elas são. Mas "Lie to Me" é fortalecida por fatos científicos e bases concretas e empíricas.
Seria uma tremenda evolução para a maioria das ciências que essa técnica fosse mais estudada e que houvesse mais artigos e livros sobre o assunto. Se assim tivesse sido no passado, O. J. Simpson estaria na cadeia e o povo dos Estados Unidos não teriam elegido George W. Bush.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Dicas rápidas
O livro de John Harding, chamado: "A menina que não sabia ler". Embora a edição brasileira tenha esse nome, o britânico e verdadeiro nome é: "Florence and Giles". Bonitinho e gostoso, contém algumas gafes e faltas, mas vale os dois dias que você leva pra ler. E depois de terminar o livrinho, mergulhe de cabeça no filme grandioso de Guillermo Del Toro, de 2006, "O Labirinto do Fauno". Contos de fadas são sempre bem-vindos!
O disco sen-sa-cio-nal da sambista e cantora carioca Mart'nália de 2006 (Só ouvi agora): "Em Berlim ao vivo". O cd conta com músicas de Caetano ("Menino do Rio"), Chico Buarque (Deixe a Menina/Sem Compromisso), "Estácio, Holly Estácio" (Luiz Melodia) e a deliciosa "Cabide" e "Celeuma" e "Fato Consumado" (Djavan). Vale cada minuto!
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