Caetano para muitos, a maioria, aqueles que se divertem e se entretém com danças do créu e batidas-mesmas das "musas" do axé, é um chato. E ele é chato porque fala tudo o que pensa a seu bel-prazer, de política à entretenimento. Tudo passa por ele. Todos querem saber sua opinião. E depois reclamam de suas respostas. Essas pessoas não gostam de sua inteligência privilegiada, de sua cultura vasta, do esnobismo e prepotência que lhe é tão característico, porque não entendem o que ele fala. Simplesmente isso: inveja maldosa.
Talvez a canção "Como Nossos Pais" cantado lindamente por Elis Regina esteja certíssima. Nossos ídolos ainda são os mesmos - e não estou falando da massa que se acostumou alienadamente com os mesmos acordes de músicas sertanejas - porque ninguém atualmente conseguiu ainda ser tão bom quanto Caetano, Chico, Milton, Gil, Ney. Poucos na música brasileira atual conseguem chegar a um nível equivalente. Já venho escrevendo sobre os que me emocionam: Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Adriana Calcanhotto, Marisa Monte e Lenine. Mas são tão poucos...
E imagino que temos que continuar reverenciando pessoas que construiram uma identidade musical marcante e característica na música popular brasileira. Errado: não precisamos reverenciar, mas respeitar é o mínimo.
Em uma parte desse show ele canta "Irene", e cantamos com ele: "eu quero ir minha gente, eu não sou daqui, eu não tenho nada, quero ver Irene rir, quero ver Irene dar sua risada". É isso Caê: somos tão efêmeros que deveríamos ter consciência que a risada de alguém que amamos pode ser incrivelmente delicioso, pode e deve ser o melhor da vida.
Espero continuar ver por muito tempo, Caetano rebolando e soltando a sua bela risada. Nessas horas sinto-me também privilegiada.