Mãe, tantas vezes te odiei sem te querer mal, tantas vezes te amei e amo. Te culpei por erros que mães cometem querendo o bem e, é o bem que restou em mim que guardo para você.
Ma, apesar de inicialmente não te dar credibilidade, você é hoje minha heroína - dessas que eu gosto - de carne, osso e lágrimas. Dar risada e chorar com você é aprendizado constante e diário.
Querida P., você foi a primeira mulher que me encantou e me deu a mão e me escutou. Eu tinha só 15 anos e na realidade, eu era só uma garota medrosa e desajeitada, mas nos meus sonhos você foi minha primeira namorada.
L., me sinto amargamente perdida porque não te ajudei quando mais você precisou; quem surtou fui eu (acredite), mas as lembranças de pó de guaraná, roupa de cama branca e assuntos médicos, e mais tarde, psicológicos, passam por minha cabeça frequentemente. E torço, torço todos os dias para que em um desses dias eu possa e tenha coragem de te ouvir tocar piano novamente, lindamente.
Juju, você é irmã de sangue, embora eu já tenha jogado na sua cara - lamentavelmente - que não éramos da mesma família. Sua maneira tagarela de implorar atenção é comovente, e eu me comovo com você todas as vezes, porque todas as vezes você me surpreende.
Querida D. C., você foi o auge, o cume, o abismo, o chão. Nunca sofri tanto por ninguém como chorei por você. Seu brilhantismo me despertava mentalmente e fisicamente meu corpo, meu tudo, era seu. Mas você só disse "eu te amo" uma vez, aquela, única, quando eu já estava indo embora, e eu fui, e você ficou e honestamente, só quero que você seja imensamente feliz entre livros, abraços, lembranças e esquecimentos.
H., um dia você me disse que eu não te levava a sério; seriamente falando, eu não levava mesmo, mas porque eu fui infantil e totalmente desumana com seus sentimentos. No fim, em mim, fica sempre a imagem da mulher bonita, elegante que despertava para a vida quando divagava entre vinhos extremamente caros e sonhos loucos. Uma imagem perfeita.
M., você foi um dos erros que cometi, acreditei em você, mentindo pra mim, que uma criança pudesse ser uma boa companheira. Você foi. Apenas nos bares que a gente passava. Mas não te quero mal, espero que tenha amadurecido e deixado de ser uma garota mimada e perdida.
F., tantas e tantas vezes penso em você que eu me canso dos meus pensamentos e lembranças-mesmas, mas nossa história teve um final horroroso, fragmentado entre cinema, tiroteio e morte. Mas nem o fim, com traços surreais de filme americano arranca você de mim. Muito do que sou hoje é culpa sua, não sei se isso é um elogio ou se jogo a culpa em você. A minha cruz tatuada no braço e no coração é cicatriz de ferida aberta.
J., olhando para você hoje, sinto pena e esperança. Não quero que continue perdida em seu poço escuro - ou será que você sempre esteve lá e eu que não notei? - queria que você levasse as coisas um pouco mais a sério, porque as brincadeiras me cansam e honestamente, elas te derrubam ainda mais. Te amo tanto que me dói a sua dor.
D., você é minha irmã sem ser de fato, é a única que consegue ler meus pensamentos antes mesmo de eu tê-los. Somos tão parecidas que te chamo de espelho. Somos espelhos quebrados de uma vida que não entendemos e não entenderemos nunca. Mas as aberrações diárias ficam mais leves tendo você como amiga.
Mi, não acho que te tratei bem quando estávamos juntas; não é querer me redimir de nada, mas para variar, minha cabeça estava tão mal quanto minhas atitudes. Você sempre foi extremamente carinhosa e hoje em dia eu dou valor. Quero que outra pessoa também dê. Estou torcendo.
Mo, entre bebidinhas no final da tarde, apartamento gigantesco que não podíamos pagar, crises conjugais, tribunais, Santos e Espírito Santo, foi crescendo uma amizade franca, daquelas que não precisa-se esconder nada. Tudo às claras, assim como o meu carinho e respeito por você.
N., você foi o amor mais louco, mais irresistível e o mais irresponsável que tive. A culpa não foi apenas sua, eu concordei com você nos joguinhos de insanidade. Compactuei com brigas e ciumes inventados, chorei por você, acredite. Mas esse tipo de amor sem paz não é o meu amor ideal. Você certamente tem um lugar guardado no meu coração.
Querida Julinha, você nem tem um aninho e já mudou a minha vida, muda todos os dias quando aprende pequenas coisas, como balbuciar e ficar de pé por sua conta e risco. Espero e torço para que seu caminho seja mais alegre e menos tortuoso do que dessa sua velha tia. Estarei perto sempre que alguém te machucar, ou estarei sempre perto e ponto.
K., você é a minha realidade. E não só de coisas boas a gente vive. Casamento, união, cotidiano é para os fortes, fortes que amam. E você também é forte o suficiente para não deixar a bola cair, para não deixar que eu caia, para me segurar em seus braços. Só por isso já valeria. Te admiro por tudo o que me mostra de você e a todo dia você me revela a beleza de que é feita, humana, simplesmente humana e sendo assim, você deixa a minha rotina cada vez mais bela, de encantos sonhados, castelos pensados, planos idealizados e muito amor concreto.
Porque é isso que vale. O amor que eu sinto por você e tantos outros tipos de amor que um dia senti ou sinto por cada uma dessas mulheres e outras tantas que insistem (felizmente) em atravessar o meu caminho.