terça-feira, 7 de outubro de 2008

DReam




Não é todo mundo que gosta dos filmes de David Lynch, a maioria gosta de filme explicadinho, arrumadinho, ajeitadinho e com um final. Só que com Lynch não tem nem início e nem meio, é um emaranhado que a gente tenta pensar e adivinhar a brincadeira que o diretor nos propõe.
Um dos meus filmes preferidos (de todos os tempos) é "Cidade dos Sonhos", e ele não é o mais fácil nem o filme mais difícil de Lynch; fica claro que não dá pra explicar tudo, mas reassistindo deu para internalizar mais algumas coisas.
O que muita gente não sabe é que "Cidade dos Sonhos" foi oferecido a rede ABC em forma de seriado e foi rejeitado, mas virou "cult" nas telonas.
Talvez os filmes de David Lynch não sejam para se entender, mas para sentir, são labirintos de sensações, com trilhas sonoras deliciosas e mistérios não resolvidos. (Até hoje não descobri quem matou a Laura Palmer).

"Hey, pretty girl, time to wake up".
Freud disse que todo sonho é a realização de um desejo e a abertura de Cidade dos Sonhos já é psicodélica, surreal, que remete ao onírico. Depois se ouve uma respiração e a câmera se aproxima de um travesseiro como se entrasse dentro dele. Na primeira parte do filme a belezura, Naomi Watts está sonhando, sonha que é uma atriz aspirante com um grande futuro na cidade dos sonhos, Los Angeles. Quando acorda é uma mulher comum, sem atrativos, com uma vida obscura e dentes amarelados.

Então o filme se divide em duas partes: sonho e realidade. Cidade dos Sonhos não poderia se passar em outro lugar que não fosse Hollywood (a indústria dos sonhos). O título em inglês é Mulholland Drive, o DR. do título é também abreviação de "dream". Nos sonhos, Naomi se apaixona por Laura Harring e é correspondida, na realidade, ela é descartada pela loirinha: "This is the girl". Mais ou menos assim: Eu te amo, você não me ama mais, mas no meu sonho você me ama e muito. E combinemos, às vezes na vida real somos a Courtney Love (nos seus dias de maior decadência), e nos sonhos somos a Penélope Cruz.
Quando sonhamos com determinadas pessoas que nunca vimos, pode ser aquela pessoa que estava no ônibus, no metrô, que esbarrou com você na rua, ou seja, você vê um caubói numa festa a fantasia e sonha com ele.

Para prestar atenção:
1-A importância da chave azul.
2-O nome no crachá da garçonete.
3-Sentimento de culpa
4-Matador profissional.
5-O diretor comendo o pão que o diabo amassou. Vingança.
6-"Está na hora de acordar, garota".

O filme já deve ter entrado na história do cinema pelas cenas sensuais de Naomi Watts e Laura Harring e depois de "Cidade dos Sonhos" ouvir Crying seja na versão original de Roy Orbison, seja na versão em espanhol (a do filme), eu fico emocionadíssima e me remeto diretamente à ele (assim como In Dreams me remete à "Veludo Azul").
Não sei se todo mundo concorda, mas David Lynch é um dos grandes mestres do cinema da atualidade.

5 comentários:

Helena disse...

Ah, que bacana que você postou sobre cidade dos sonhos, eu tinha pedido pra você lembra?
Tem umas sacadas legais que você colocou, mas eu ainda não entendi a tal da chave azul...
Beijo grande.

Anônimo disse...

Esse filme é genial, a direção é surpreendente, o roteiro absurdamente genial e a interpretação da Naomi é brilhante. Amo! Suas interpretações são bem bacanas (como sempre). Beijos e saudade

lisa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lisa disse...

Maravilhoso esse filme e tua visão sobre o trabalho surreal de Lynch é perfeita. Lembro-me a primeira vez que deparei com Cidade dos Sonhos. Foi o mais próximo de Buñuel na contemporaneidade.

P.S.: Os comunistas comiam criancinhas e os capitalistas matam elas de fome.

Anônimo disse...

O filme é bom demais. Já assisti muitas vezes e consegui perder a vontade de entendê-lo. E olhe que a primeira vez que assisti foi porque era com Naomi (o que já o torna especial, mas é muito mais).