Já tinha lido inúmeras críticas negativas sobre "A Caixa" (The Box), e apenas uma positiva na revista "Veja". Não tive dúvidas, assim que saiu em DVD, corri pra assistir. O mesmo diretor do já cultuado "Donny Darko", gosta de coisas estranhas e de eventos fantásticos, assim como eu.
A premissa do filme é a seguinte: Um casal recebe uma oferta de um estranho. Eles ganharão 1 milhão de dólares se apertarem um botão de uma caixa recebida, porém alguém que eles não conhecem em algum lugar do mundo morrerá. Não irei estragar o filme de ninguém escrevendo que eles optam em apertar o botão da caixa, e em seguida o filme narra as consequências da escolha.
Quando o incrível, bárbaro, sensacional, David Lynch lança um filme que ninguém entende ele é aplaudido, então por quê, "A Caixa", filme no mesmo estilão foi tão criticado e jogado no lixo? Obviamente que são levantadas inúmeras perguntas que o diretor não consegue responder no decorrer do tempo, cenas que no final das contas não fazem o menor sentido mas há coisas sensacionais no filme! Gente bizarra, lugares bizarros, comportamentos bizarros. Basicamente esse adjetivo ilustra a película com quase 2 horas de duração, junte-se a isso, citações filosóficas de Jean-Paul Sartre, filosofias baratas de vida pós-morte, eventos metafísicos, humor negro (bem negro), uma direção arrasadora, arrebatadora de Richard Kelly e uma interpretação fantástica da atriz, Cameron Diaz (há muito tempo ela não consegue essa proeza).
Então, as pessoas que gostam de um filminho, eu diria, raso de conteúdo, nem percam o tempo para pensar em caixa de pandora, o inferno são os outros, idéias existencialistas, e coisas do tipo. As filmagens "nonsense" - desculpe mais uma vez o anônimo que adora implicar comigo por isso - não é mesmo pra qualquer um. Mas a questão do filme é mesmo filosófica e é mesmo existencialista. Ao pensarmos em resolver um conflito pessoal em detrimento do coletivo há inúmeras consequências, e como lidamos com elas? E se a gente agisse de maneira a sustentar o social e pensássemos menos no individual? O inferno são os outros apenas quando os outros nos mostram quem somos nós, e ao vivermos socialmente, eles nos mostram o tempo todo. Por isso agimos tão solitários e individualistas, vivemos em nossas bolhas, ou caixas, para combinar com o filme e a situação caótica e sofredora do nosso vizinho não nos incomoda.
Deixo a minha confissão: Detestei "Donny Darko", mas fiquei apaixonada por "A Caixa".