sexta-feira, 25 de junho de 2010

O meu querer é muito

Estava lendo "Cascos & Carícias & Outras Crônicas", da maravilhosa, Hilda Hilst e duas passagens me marcaram mais profundamente, que são coisas que penso e pra mim dificílimas de serem escritas, embora eu tenha tentado ao longo desse blog, mas a poeta fala por mim com sua ironia característica e seu talento inquestionável:

"E o que há de cretinos e boçais pelo mundo afora é assustador! O que há de jingado alienado e acefalia também. O que há de maldade e grosseria. O que há de tara, de loucura, aquela babando verde, a outra, a estupidez, a bestialidade, a frivolidade...o que há de imbecis e escrotidão! E todo mundo malhando...coxas, bíceps, e boquitas e caras todas esticadas...socorro!!!!"


"Outra coisa. Não encham mais o saco dos fumantes atordoando-os com isso de que cigarro mata. Tudo mata, negada. Além de você não poder mais fumar foder beber comer, o que mata mesmo é a mentira, o faz-de-contas, a cara-de-pau...o que mata é sem-vergonhice, coligações de aço, grilhões, esses impossíveis de romper..."


É isso: quero gente ao meu lado que fume e não minta, que fume mas seja decente e se possível, com a bunda caída. Quero gente com coração e inteligência. De resto, é nada.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Somewhere


Novo filme da incrível e talentosa Sofia Coppola daqui a pouco estará estreando. Enquanto isso não acontece, deixo o trailer e o poster de "Somewhere". Prestem atenção na trilha sonora: Julian Casablancas, do Strokes, cantando uma versão demo de "You Only Live Once". E a banda oficial do filme é a grandiosa, Phoenix.

Dá vontade de assistir hoje!!!


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Meu coração um pouco português


Um dos maiores gênios da literatura mundial morreu hoje. Dia triste, dia cinzento para nós, que apreciamos as palavras, o pensar, o refletir.

Morre não só o escritor, mas uma personalidade forte, comunista, exilado, ateu e filosófico. Morre um pouco de nós que crescemos lendo suas críticas ferrenhas à ignorância, à Igreja, à Deus. Morre o homem, o escritor, mas não suas palavras.

Quem nunca leu José Saramago, aproveite esses dias de copa do mundo, por exemplo, para experimentar algo novo, algo que você não esqueça em 90 minutos. Se surpreenda, ria e pense nas palavras do mestre.
Para você que não tem dinheiro para adquirir um livro dele, use a internet e acesse o Caderno de Saramago (escritos aleatórios do autor), o link é:
http:/caderno.josesaramago.org/category/o-caderno-de-saramago/.
E para quem tem uma graninha sobrando vá até a livraria mais próxima e compre "Ensaio sobre a Cegueira", "Intermitências da Morte", "Caim" e as obras-primas, "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a Lucidez", entre tantos outros.

E no meu coração, a língua portuguesa é um pouco mais bonita por causa dele.


quinta-feira, 17 de junho de 2010

O triste legado de Brittany


Dia 20 de dezembro de 2009 morria a atriz norte-americana, Brittany Murphy. Não era uma das grandes estrelas da nova geração, mas era conhecida e tinha talento, demonstrado por exemplo em "Garota, Interrompida", "Refém do Silêncio" e "Sin City". Como cantora chegou atingir o primeiro lugar na Bilboard Hot Dance Club Songs e participou de projetos humanitários ao lado da cantora, Avril Lavigne.

Em "Refém do Silêncio", assim como em "Garota, Interrompida", interpretou mulheres perturbadas mentalmente, assim como parecia ser a sua vida. Deixou de ser uma atriz em ascensão para ser uma entre tantas atrizes que participam de filmes completamente obscuros. Um pouco antes de morrer por parada cardiorespiratória, a atriz foi cortada de alguns projetos, sofria de anorexia nervosa e segundo entrevistas, de problemas psíquicos mais sérios. Se não bastasse tudo isso ser triste, o mais calamitoso é lançarem o seu último filme: "Busca Alucinante" (Abandoned) em sua memória. Triste porque o filme é tão ruim que a gente que assiste lamenta por este ter sido o seu último projeto lançado e por ela ter participado dessa presepada e no final, podemos até entender o porquê de uma depressão severa.

Não é todo mundo que consegue ser descartado como se fosse lixo, quando um dia foi ouro.
De resto, conservemos a imagem dela em filmes decentes, com roteiros inteligentes ou sorrindo para a fotografia de revistas que um dia se deram ao luxo de fotografá-la.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Nós em nossas caixas


Já tinha lido inúmeras críticas negativas sobre "A Caixa" (The Box), e apenas uma positiva na revista "Veja". Não tive dúvidas, assim que saiu em DVD, corri pra assistir. O mesmo diretor do já cultuado "Donny Darko", gosta de coisas estranhas e de eventos fantásticos, assim como eu.

A premissa do filme é a seguinte: Um casal recebe uma oferta de um estranho. Eles ganharão 1 milhão de dólares se apertarem um botão de uma caixa recebida, porém alguém que eles não conhecem em algum lugar do mundo morrerá. Não irei estragar o filme de ninguém escrevendo que eles optam em apertar o botão da caixa, e em seguida o filme narra as consequências da escolha.

Quando o incrível, bárbaro, sensacional, David Lynch lança um filme que ninguém entende ele é aplaudido, então por quê, "A Caixa", filme no mesmo estilão foi tão criticado e jogado no lixo? Obviamente que são levantadas inúmeras perguntas que o diretor não consegue responder no decorrer do tempo, cenas que no final das contas não fazem o menor sentido mas há coisas sensacionais no filme! Gente bizarra, lugares bizarros, comportamentos bizarros. Basicamente esse adjetivo ilustra a película com quase 2 horas de duração, junte-se a isso, citações filosóficas de Jean-Paul Sartre, filosofias baratas de vida pós-morte, eventos metafísicos, humor negro (bem negro), uma direção arrasadora, arrebatadora de Richard Kelly e uma interpretação fantástica da atriz, Cameron Diaz (há muito tempo ela não consegue essa proeza).

Então, as pessoas que gostam de um filminho, eu diria, raso de conteúdo, nem percam o tempo para pensar em caixa de pandora, o inferno são os outros, idéias existencialistas, e coisas do tipo. As filmagens "nonsense" - desculpe mais uma vez o anônimo que adora implicar comigo por isso - não é mesmo pra qualquer um. Mas a questão do filme é mesmo filosófica e é mesmo existencialista. Ao pensarmos em resolver um conflito pessoal em detrimento do coletivo há inúmeras consequências, e como lidamos com elas? E se a gente agisse de maneira a sustentar o social e pensássemos menos no individual? O inferno são os outros apenas quando os outros nos mostram quem somos nós, e ao vivermos socialmente, eles nos mostram o tempo todo. Por isso agimos tão solitários e individualistas, vivemos em nossas bolhas, ou caixas, para combinar com o filme e a situação caótica e sofredora do nosso vizinho não nos incomoda.

Deixo a minha confissão: Detestei "Donny Darko", mas fiquei apaixonada por "A Caixa".

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ordem, progresso e hipocrisia


Os patriotas começam aparecer. Basta ter mais um início de copa do mundo que as pessoas já estendem suas bandeiras nas janelas das casas, apartamentos, carros. Vestem a camisa oficial de não sei quantos reais da seleção, fecham seus estabelecimentos para assistirem os jogos, compram televisões de 42 polegadas que mal cabem na sala para pagar a perder de vista e todas as bugigangas necessárias para fazer barulho e incomodar os outros mortais que detestam futebol.

Não detesto futebol, mas sou do contra. Já torço para que a seleção volte para o Brasil na primeira fase, primeiramente porque não sou patriota e segundo porque não sou falsa-patriota. Meus ideais se perdem todos ao vizualizar uma banheira com água quentinha e um uísque com três pedrinhas de gelo.

Você é brasileiro com orgulho? (díficil entender o porquê), mas em todo caso, se é, você vota conscientemente nos candidatos aos cargos públicos e mais tarde cobram deles o que prometeram? Você vai bater panela para protestar contra as bandalheiras todos do nosso governo corrupto? Você é voluntário em campanhas para melhorar nosso serviço de saúde, nossa educação precária, nossa cultura debilitada? Você trabalha em campanhas contra a fome dos brasileiros que mal têm onde dormir?

Se a resposta para a maioria dessas questões é: eu não faço nada, então vamos todos concordar com o chatíssimo do Renato Russo quando escreveu: "Vamos celebrar a estupidez do povo, nossa polícia e televisão, vamos celebrar nosso governo, nosso estado que não é nação, celebrar a juventude sem escolas, nossas crianças mortas, celebrar nossa desunião..."

Vamos celebrar a hipocrisia de quem grita gol do Brasil.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Angelina Jolie


Hoje é o dia da mulher que deu uma apimentada em Hollywood. Um ser estranho que adota mil bebês e que eventualmente destrói casamentos, além de ser sexy, sexy, um símbolo sexual dos nossos tempos.
Parabéns pra ela!!!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Atrasadíssimos


Só em DVD e só agora.

"Sherlock Holmes" é um filme puramente de entretenimento. E não é dos bons. O que se salva é a atuação de Robert Downey Jr. (sempre maravilhoso), mas fiquei com a sensação de tempo perdido. Não há pensamentos inteligentes e divagações próprias do detetive da literatura, o filme é só ação.

Agora, "Nine" é um dos únicos musicais atuais que eu gostei. Dinâmico, empolgante, com uma fotografia linda e um elenco estelar, vale cada minutinho. Daniel Day Lewis novamente dá show na pele do diretor de filmes italiano, Penélope Cruz confirma de vez que é um dos grandes nomes do cinema atual, e Ferguie não faz nada feio. Sobra a insípida Nicole Kidman (mas tem gente que gosta).

"Guerra ao Terror" é um filme bem realizado, tem uma história bem contada e atores em ritmo com o roteiro e a direção, mas como já disse em algum post abaixo, a categoria "guerra" não me atrai muito, logo pra mim, o filme é só mais um nessa categoria. Nada mais, nada menos.