quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fim dos tempos

Ao assistir "Fim dos Tempos" do diretor M. Night Shyamalan, há a impressão de já tê-lo assistido antes. Mais um filme que divaga sobre catástrofes mundiais e pelo jeito não vai ser o único da temporada, na sala de cinema os trailers já anunciavam mais dois.
Qual o fascínio pelas catástrofes, sejam elas naturais ou produzidas pelo homem?
Acredito sempre no mote religioso por trás dessa questão: se a ciência e a tecnologia que supostamente deveriam intervir, pré-anunciar, evitar não o fazem é porque há o mesmo descrédito em relação a essas mesmas ciência e tecnologia: "Se Deus quiser, não há quem o impeça". E como argumentar com os religiosos de plantão sobre isso? Não há como argumentar tautologismos.
Outra questão é a falta de imaginação ou a solução fácil e rápida dada por esses filmes. A catástrofe acontece e na maioria das vezes não há explicação lógica ou razoável, passando longe do método filosófico e científico: conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos mais simples e fáceis de conhecer, para subir, pouco a pouco, como por degraus".
Em "O Fim dos Tempos" por exemplo há uma boa introdução para seduzir quem assiste, anuncia-se o tema, mas não há exposição de idéias, a introdução acaba como uma promessa não cumprida do diretor em desenvolver o tema.
Como conversar, discutir sobre algo que não é desenvolvido e nem pode? Só religião e metafísica. E é exatamente isso o latente desse tipo de filme, colocam-se situações hipotéticas que jamais serão corroboradas ou refutadas, para lembrar, mesmo que inconscientemente, que existe algo maior que nós e contra isso ninguém pode, pena que não podemos reclamar o dinheiro da entrada do cinema também.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O fim

Deixar alguém é sempre triste, até aqueles que conviveram anos com falta de carinho, de amor, de respeito. Porque quando acaba, muito da esperança vai junto, a esperança daquela vida que foi imaginada, planejada diariamente e que simplesmente não aconteceu.
Casamentos sempre terminam em crises de choro, em lamentações e tristezas e quando o casamento é bom e você, de alguma maneira escolhe, por razões que a vida impõe, deixar a pessoa que te faz bem, é ainda pior.
Ce la vie...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Aniversário


Tem algumas lembranças que jamais serão apagadas.

Me lembro de quando eu era criança e muitas vezes preferia ao invés de brincar na rua ir para aquele quarto que ficava fora de casa, a do Jardim das Indústrias, cheio de livros seus e que você montou uma das prateleiras para eu colocar os meus gibis que você comprava toda semana. Imagino que seja daí o meu interesse por livros.

Lembro das vezes que eu te acompanhava à padaria e enquanto você bebia a sua cerveja, pedia um pedaço de pizza pra mim.
Lembro que comprava figurinhas e eu ficava toda feliz.

Me lembro de quando eu tirava notas muito ruins na escola e que eu tinha mais medo do que você podia me falar do que a mamãe, já que eu estava acostumada a levar umas surras dela, mas nunca de você.
Mas as minhas melhores lembranças são as mais recentes.

Nos últimos anos, você foi o meu melhor amigo. A gente falava de filmes, íamos ao cinema juntos, tomávamos café, ríamos e conversávamos.
Uma das imagens que eu mais gosto de lembrar é de você chegando da padaria, trazendo minha coca-cola e meu cigarro, preparando minha omelete ou minha pizza.

Me sentia bem e segura, mesmo muitas vezes, estando em lugares diferentes da casa, sabendo que estava acordado comigo de madrugada.
Me lembro do apoio em tudo que eu tentei profissionalmente, do carinho, do amor.
E nunca vou me esquecer do seu abraço aqui nessa quitinete onde agora estou.
Te amo mais do que as palavras podem dizer, meu pai.



Essa carta foi escrita duas semanas antes da morte do meu pai, e nunca foi enviada.

domingo, 15 de junho de 2008

Tudo que você não soube

"Não pode haver nexo em cobiçar a vida desses que se divertem tanto, numa situação tão idiota: areia, calor, água fria, mosquitos. Mas é que eu, numa praia, sou uma anomalia. À luz do sol, sem roupas, sou desvendada e exponho ao público minhas feridas". Fernanda Young.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Mais uma vez

Decidi, hoje eu soube e não posso negar que me senti aliviada. Vou voltar para São Paulo e todo seu caos e sua beleza, voltar para a minha família e meus amigos queridos.
O que eu vou fazer? Ainda não sei, mas um dia eu descubro.
Deixo em Salvador uma grande amiga e as esperanças que eu cheguei e que aqui vão ficar.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Sex and The City - O Filme




Como muitos amantes da série produzida pela HBO, fui conferir o longa, sem me preocupar com algumas críticas dizendo que o filme era longo demais, que poderia ser editado de uma maneira que parecesse mais ágil, que o tema principal havia se perdido e etc, etc.
Sim, o filme é longo. Sim, as vezes ele é lento, e na minha opinião, poderia ter sido editado em algumas ocasiões. Sim, o tema principal mudou. Estragou o resultado final? Não.
Poderia o tema central não ter mudado? Afinal de contas, minha gente, as fabulosas mulheres de Nova Iorque estão mais velhas e interessadas em outros assuntos. O erro não seria mostrar essas mesmas mulheres agora na casa de 40 e 50 anos com os mesmos interesses das mulheres de 20?

E não acredito que o filme assim como era a série tenha como assuntos principais, futilidades e apenas assuntos de mulheres. Isso eu também nunca entendi, o que são assuntos femininos e assuntos masculinos? Moda é assunto feminino e futebol é masculino? Poesia é coisa de mulherzinha e livros de detetives são coisa de macho? Isso é mais estereotipado do que os estereótipos que alguns dedicam à série e agora, ao filme.

E o que são futilidades? Num mundo povoado de revistas de fofocas, de famas repentinas, de danças do créu e derivados, falar de sexo, de sentimentos, de inseguranças, de medos, de vazios e de amor são futilidades? Será que a futilidade está no fato das personagens gostarem de sapatos Manolo, roupas Dior, Carolina Herrera e etc? Mas quais são as mulheres que não gostam? A diferença é que umas têm como gastar sua grana nisso, outras não conseguem pagar o aluguel. Mas a pergunta persiste: Seria o desejo de comprar esses utensílios uma futilidade?

Mas mais do que isso eu acredito que essas mulheres fabulosas tenham aberto caminho para tantas mulheres desejarem ser como elas: independentes, confiantes, e abertas à novas possibilidades. Será que isso também é politicamente incorreto?
Eu acredito na possibilidade de identificação e desaprovo o maniqueísmo de tantas críticas.

Sendo assim, salve salve Sex and The City, uma maneira televisiva e neste momento, cinematográfica inteligente, sensível e irônica.


sexta-feira, 6 de junho de 2008

Do amor...


Amor é quando não precisa-se dizer dele, é natural, é coisa de pele, é sentimento de urgência, é querer estar todo o tempo compartilhando os momentos em que choramos, rimos, fazemos coisa nenhuma.
É estar por estar, ficar por querer, tocar sem pedir, olhar por admiração e respeito.
É desejar uma casa ou uma cama, muitas vezes colocar um anel e fazer um pedido, é querer ter um filho e chorar quando descobre que ele vai existir.
É sonhar junto mesmo separado pela distância, pelo tempo, pelo trabalho, por burocracias da vida.

Do fundo do meu coração eu acredito que isso exista.
Não vou poder estar no casamento de minha irmã e provavelmente no nascimento do meu sobrinho, mas eu sei do amor...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Amy Winehouse


No site da Mtv, foi publicado um texto de Rafa Losso, e eu publico aqui porque assino embaixo de tudo o que ele escreveu, apontou, sem julgamentos morais e críticas à conduta social da cantora e compositora britânica.

"Quando um artista iniciante define o rumo da sua obra, passa à História suas intenções, angústias e defeitos. Às vistas do sucesso comercial, vivencia a potencialização de tudo aquilo que impulsionou os primeiros passos de sua carreira.
Há aqueles que começam a cantar para fugir de seus problemas, e se atiram ao universo subjetivo da arte para curar as feridas da alma com os aplausos e a atenção do grande público.
Em nossa cultura ainda não conseguimos fornecer proteção suficente para aqueles que desenvolvem uma sensibilidade acima da média, mas não conseguem administrar seus próprios fantasmas depois que o show acaba. Para que possamos aprender sobre nós mesmos, incentivamos e cobramos a sinceridade suprema daqueles que escrevem letras e nos emocionam com o conteúdo das suas vivências. Mas ignoramos as pessoas atrás dos holofotes, aquelas que voltam para casa depois de expostas, esgotadas, sentindo-se humilhadas e em um estado extremamente vulnerável.
Amy Winehouse é uma artista completa em nossa concepção cultural. Suas músicas já viraram trilha sonora de nossos dias. Suas letras já foram incorporadas na maneira com que enxergamos o agora. Mas está sem condições de continuar.
As imagens do show que fez na última sexta-feira, frente às 90.000 pessoas do Rock in Rio Lisboa, formam um pedido por socorro, não o primeiro ou o último. Como tantos outros antes, é um pedido claro, estridente, feio. Tão incômodo que a maioria prefere ignorá-lo, como se fosse parte do espetáculo, um truque para emocionar os mais suscetíveis.
E a história de Amy Winehouse tem um agravante trágico: a cantora não assume a posição de vítima. Em coerência com as suas letras, insinua que está tudo sobre controle, e que o estilo de vida que vive é o que escolheu. Isenta a coletividade da responsabilidade que tem. Põe os calçados do mártir, como se outro caminho não existisse para a imortalização de uma obra.
E não sabemos o quê fazer com ela. Enquanto não soubermos, melhor seria se Amy Winehouse ficasse em casa, longe daqueles que formam uma verdadeira ameaça para sua vida. Nós."