Querida,
embora eu entenda os pontos de vista que você colocou eu nunca entro num consenso sobre o que de fato deveria ser.
Neste momento ouço aquelas músicas do The Rapture que você me enviou, e entendo bem algumas das letras, elas me tocam e me ferem. Deveria ser dessa maneira, tudo intenso desse jeito, deslocado, sem muita razão de ser? E ultimamente ando como você, chorona. Seus motivos são bem diferentes dos meus, mas nunca economizamos nas risadas depois de chorar rios, né? (Cry me a River).
Amanhã vou viajar, estar nos braços um pouco daqueles que me amam e que sei, recíproco. Abraços e beijos sem dores, e embora sempre com muita complicação – como toda relação humana – carinhosos que me aninham como se cantassem aquelas antigas melodias para dormir. Felizmente não tenho carências infantis que a maioria reclama, com razão. Galeano já disse que o Sistema que não dá de comer tampouco dá de amor: condena muitos à fome do pão e muitos mais à fome de abraços. Eu tenho o que comer, tenho abraços intensos, encontros inesquecíveis, conversas embaladas, e ainda reclamo! Parece desigual e desleal olhado dessa maneira, mas eu só me sinto viva quando convido, provoco, desafio, instigo, estimulo e não me controlo nem sou razoável. Esse é meu jeito de viver a “vida louca”. Talvez nem seja louca, apenas a minha vida.
Obrigada por estar aqui do lado sempre.
Beijos, todos e muitos.
M.